tag:blogger.com,1999:blog-10177478519707416732024-03-13T20:56:05.925-03:00O NecromanteContos FantásticosNarradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.comBlogger30125tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-36349121605913946722015-06-03T18:21:00.000-03:002015-06-04T21:43:34.404-03:00Uma Boa Ação A nave de pesquisa interestelar KyropÏ05e38 está passando pela orbita de um planeta com atmosfera rica em nitrogênio,oxigênio e hidrogênio.Os kyrops são uma espécie conhecida por toda a federação intergalática como um povo pacifico e muito sábio.O chefe da equipe de pesquisas se dirige ao seu capitão.<br />
<a name='more'></a><br />
-Senhor, este planeta parece ser um ótimo candidato a abrigar formas complexas de vida.Peço permissão para entrar em orbita e analisar seu bioma.<br />
-Permissão concedida.Me relate suas descobertas dentro de 600 períodos.<br />
Após algumas horas, o cientista procura o capitão para relatar suas descobertas.<br />
-Senhor, como nós prevíamos, este planeta abriga uma rica biodiversidade.Existem milhões de espécies, de diversos reinos.Infelizmente também detectamos que uma destas espécies se multiplicou além do controle, tornando-se uma praga que ameaça a existência de todas as outras.Ela está consumindo todos recursos naturais do planeta e já levou a extinção milhares de outros seres.Se nada for feito, todo a biosfera do planeta pode entrar em colapso em menos de mil anos locais.Talvez devêssemos fazer alguma coisa.<br />
O capitão pensa por algum tempo e então pergunta:<br />
-Diga me, doutor, ainda nos restam muitas bombas de ressonância no estoque?<br />
O doutor consulta um pequeno dispositivo semelhante a um tablet e responde:<br />
-Sim senhor,temos varias.Possivelmente mais do que usaremos em nossa vida.<br />
-Peça aos operários para calibrarem algumas na frequência corporal desta praga e darei ordens para lança-las daqui a 200 períodos.Podemos considerar feita nossa boa ação por hoje, não é doutor?<br />
-Claro senhor, tenho orgulho de servir a sua tripulação.<br />
Pouco tempo depois , pequenos objetos esféricos atravessam a atmosfera do planeta, começam a vibrar e emitir poderosas ondas mecânicas que cobrem imensa região do globo cada uma.Por toda a Terra, os corações dos humanos entram em fibrilação, levando a morte cerca de seis e meio bilhões de pessoas.Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-78487456690901673172014-07-31T21:26:00.001-03:002014-07-31T21:26:26.726-03:00Curta:AlmaUm curta bem interessante, com um final marcante.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/irbFBgI0jhM?rel=0" width="560"></iframe><br />Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-20457150112411372652013-08-30T21:54:00.002-03:002013-08-30T21:54:48.269-03:00Projeto SuspensoInfelizmente, por motivos pessoais não tenho tido tempo de atualizar o blog conforme gostaria.Tenho muitas ideias interessantes para postagens e gostaria de dar sequência à historia d'O Necromante, mas escrever é para mim um hobby e não um ganha pão, e meu ganha pão está tomando todo o meu tempo.Isto não quer dizer que estou abandonando este projeto, mas irei atualiza-lo conforme minha disponibilidade, principalmente em Dezembro,Janeiro e Julho que tenho ferias da faculdade.Peço desculpas a todos aqueles que visitam este blog com regularidade e agradeço toda atenção.Até mais.Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-42501208592702525002013-05-14T17:34:00.000-03:002013-05-15T16:41:49.959-03:00Sintel - Um ótimo curta de fantasia medievalEste excelente curta tem um roteiro melhor que muitas superproduções.Uma historia emocionante sobre amizade e sobre o tempo.<br />
<div>
<br /></div>
<div>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/rO0yXC0oyIA" width="560"></iframe></div>
Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-84024117615140389832013-05-04T20:08:00.001-03:002013-05-05T14:38:17.368-03:00O Odor do Inferno<span style="font-size: small;"><br /></span>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Quero que saibas Doutor, que é a contragosto que procurei tratamento para meu caso de claustrofobia.Foi após muita insistência de minha família que resolvi marcar uma consulta nesta clinica psiquiátrica.Até entendo a posição de minha mãe e minha irmã, que se vêem preocupadas com meu sofrimento perturbador, mas é muito constrangedor para mim, relatar a situação que me fez desenvolver esta aversão descontrolada por qualquer lugar fechado ou abafado..</span></span></div>
<a name='more'></a><span style="font-size: small;"><br /></span>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Tenho medo de que, após ouvir o meu relato, você irá me considerar demente.Mas juro que tudo que direi se resumirá exclusivamente à fatos acontecidos e não haverá nenhum acréscimo imaginativo em minha historia.É necessário dizer que há pouco tempo eu era uma pessoa normal, e não acreditava em nada que não pudesse ser comprovado pela ciência.</span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">O caso que desencadeou em mim este trauma angustiante aconteceu a menos de dois anos atrás, quando viajávamos minha irmã e eu para uma pousada no sul da Bahia.</span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Havíamos viajado por várias horas e já estávamos próximo a divisa de Minas quando nos deparamos com uma obra na estrada e foi preciso pegar um desvio que aumentaria a viajem em mais duas horas.Este desvio passava por uma estrada pouco movimentada e distante de qualquer civilização.Depois de dirigir por algum tempo neste desvio encontramos um pequeno posto de combustível na margem da estrada e resolvemos parar.O carro precisava ser reabastecido e eu precisava muito usar o banheiro.</span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Aquele posto era realmente muito precário e dava a impressão de ter parado no tempo.Contava apenas com duas bombas, daquelas bem antigas e o funcionário era um sujeito com cara de poucos amigos.Eu perguntei pelo banheiro e ele me indicou uma porta no final de um corredor escuro e umido. Quando eu abri a porta me deparei com o banheiro mais sujo e fétido que eu já conheci, mas não tinha outra opção à menos de oitenta quilômetros dali.</span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Era um banheiro bem pequeno, com um único vaso e uma pia com um espelho velho grudado na parede.As paredes do banheiro não eram revestidas de cerâmica, como é de se esperar, e estavam muito rabiscadas com varias bobagens que geralmente se encontra em banheiros públicos.Enquanto eu usava o vaso, uma frase em particular chamou minha atenção.Estava escrito assim:NÃO LEIA EM VOZ ALTA.E a seguir vinha a frase:</span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">-Qui clauditis ostia inferni.</span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Como eu julgava tudo uma bobagem, eu li a maldita frase.Nada aconteceu de diferente naquele instante e eu nunca mais lembraria deste acontecimento se o que viesse depois não tivesse me traumatizado tanto doutor.</span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;">Quando eu terminei minhas necessidades e tentei dar a descarga, ela não funcionou.Dane-se, eu pensei, só quero dar o fora daqui.Quando tentei usar a torneira, a </span></span><span style="line-height: 13.6px; white-space: pre-wrap;">água</span><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;"> também não saiu e eu amaldiçoei aquele maldito banheiro e o frentista por não me dizer que faltava </span></span><span style="line-height: 13.6px; white-space: pre-wrap;">água</span><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;"> no banheiro.Mas nada disso teria ainda importância para mim e seria apenas um pequeno contratempo se eu não tivesse encontrado a porta trancada.Eu forcei o trinco com toda minha força, tentei girar em sentido diferente, fiz tudo que pude mas a maldita porta não abriu.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Após esgotar as tentativas de abrir a porta , eu comecei a gritar por socorro e chutar a porta, para que minha irmã ou o frentista viesse abrir pelo lado de fora.Meus gritos começaram bem leves e foram se transformando em urros violentos a medida que o tempo passava e ninguém vinha me socorrer.Eu gritei e chamei por muito tempo até perceber que, apesar da pouca distancia que me separava da bomba, meus gritos não estavam sendo ouvidos.</span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;">Tentei então abrir a pequena janela do banheiro, mas meus esforços foram igualmente em vãos, o trinco não abria de forma alguma.Foi possível perceber que havia naquela atmosfera algo maligno,sobrenatural, mas eu não sabia dizer o que era.Algo que me impedia de sair daquele banheiro ou pedir ajuda. O tempo foi passando e eu me cansei de tentar sair, então resolvi aguardar até que </span></span><span style="line-height: 11.3333px; white-space: pre-wrap;">alguém</span><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;"> percebesse minha demora e viesse em meu auxilio.O tempo fluiu lento e amargo enquanto eu esperava, e o odor desagradável parecia aumentar a cada instante.A luz do dia foi diminuindo e ninguém veio me salvar, então quando tentei acender a luz do banheiro tive outra desagradável surpresa, a lâmpada não acendeu.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;">Com a noite veio os insetos.Não sei de onde saíram aqueles malditos e asquerosos seres que tornaram minha experiência naquele inferno ainda pior.Mosquitos barulhentos e com ferroadas dolorosas, baratas que voavam de um canto à outro e vez ou outra, pousavam em mim outros bichos que se arrastavam pelo chão e subiam em minhas pernas.A noite passou sem que eu conseguisse fechar os olhos por um minuto sequer.Com o raiar do dia aquelas malditas criaturas voltaram para onde haviam saído me deixando novamente na solidão daquele cubículo </span></span><span style="line-height: 11.3333px; white-space: pre-wrap;">fétido</span><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;">.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;">Por varias outras vezes eu tentei chamar por socorro ou abrir a porta, mas todas as tentativas não resultaram em sucesso e só fizeram meu desespero aumentar.Em algum momento do dia a </span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 13.6px; white-space: pre-wrap;">água</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;"> do vaso começou a subir sem parar e inundar o banheiro com esgoto.Em pouco tempo aquela </span></span><span style="line-height: 11.3333px; white-space: pre-wrap;">água</span><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;"> poluída e fedorenta alcançaria meus joelhos se eu não tomasse alguma atitude.Mesmo com muito nojo, eu enfiei a mão no vaso procurando encontrar alguma coisa que pudesse estar entupindo a saída d'água no vaso.Meus dedos tocaram um objeto estranho e então eu segurei e puxei pra fora.Deus do céu, só de lembrar daquilo meu estomago embrulha até hoje.O objeto que estava entupindo o vaso era um pedaço de </span></span><span style="line-height: 11.3333px; white-space: pre-wrap;">mandíbula</span><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;"> humana.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;">Passei um bom tempo vomitando e me recuperando do choque, mas a </span></span><span style="line-height: 11.3333px; white-space: pre-wrap;">água</span><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;"> parou de subir.Após me recompor, decidi procurar alguma forma de sair daquele inferno.Neste momento eu já tinha certeza que minha prisão naquele </span></span><span style="line-height: 11.3333px; white-space: pre-wrap;">terrível</span><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;"> carcere não era algo natural.Tinha a certeza que o encantamento que eu lera era o responsável por aquela maldição e se existia um encantamento para me prender ali, havia um para me tirar.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Comecei a procurar em todos os cantos do banheiro por um outro encantamento de libertação,mas não encontrava nada relevante.Até que me ocorreu procurar alguma coisa no espelho. Mal sabia eu que aquele lugar maldito ainda me reservava uma ultima e desagradável surpresa.Quando olhei o espelho não vi o o meu rosto refletido como devia ser, mas um rosto completamente desfigurado e sem vida, como se eu tivesse morrido e estivesse em decomposição.Mas eu não tinha escolha, decidi quebrar o espelho.Procurei algo que eu pudesse usar como martelo e a única coisa que eu achei foi a torneira.Por sorte ele era daquelas que se saiam ao desenroscar sem usar ferramentas, então eu a arranquei e quebrei o espelho.</span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Como eu esperava, atrás do espelho estava o encantamento, e eu o li em voz alta:</span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">- Aperit portae inferi!!</span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;">Neste momento eu ouvi um clique na tranca do banheiro.Eu testei a maçaneta e ela abriu sem oferecer </span></span><span style="line-height: 11.3333px; white-space: pre-wrap;">resistência</span><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 1.15; white-space: pre-wrap;">. Quando eu sai porta afora e olhei para dentro do banheiro tudo estava como quando eu entrei.O espelho estava inteiro novamente na parede e o piso seco como se o esgoto nunca tivesse entupido.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Quando cheguei do lado de fora do posto minha irmão ainda estava abastecendo o carro, e então eu percebi que o tempo havia passado de forma diferente enquanto eu estivera no banheiro.</span></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">É claro que ninguém acreditou em minha historia e pensam ser um delírio meu, e tenho a certeza que você pensa igual.Mas deste aquele maldito dia, nunca mais duvidei de maldições e forças ocultas.</span></span></div>
<span style="font-size: small;"><br /></span>Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-20693796367017010672013-04-17T19:36:00.001-03:002013-04-17T19:36:18.819-03:00Greed - Um curta sobre os monstros dentro de nós.<span style="font-family: inherit;">O que somos capazes de fazer por dinheiro. Assista a este espetacular curta que mostra o lado mesquinho dos seres humanos. </span><br />
<br />
<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/Ktbj-WpzgvQ" width="560"></iframe><br />Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-54363725097245548832013-04-03T18:22:00.000-03:002013-04-04T19:00:16.637-03:00O Povo das sombras<b id="internal-source-marker_0.563281626207754" style="font-weight: normal;"></b><br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<b id="internal-source-marker_0.563281626207754" style="font-weight: normal;"><span style="vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: Arial; font-size: 15px;"><br class="kix-line-break" /></span><span style="font-family: inherit;"> Muitas pessoas não acreditam nas criaturas que habitam a escuridão.Eu nunca pude contar com o beneficio da dúvida.Desde os primeiros anos de minha infância, vivida em um orfanato, eu sou perseguido constantemente por estes seres das trevas.Em cada canto escuro, vejo sombras se mexerem de forma anormal.Na escuridão da noite, vejo olhos a me observar e todos os dias precisei de uma lampada acesa em meu quarto para conseguir dormir.Todos os meus sonhos são povoados por monstros e lugares sombrios e desconhecidos.</span></span></b></div>
<a name='more'></a><br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<b id="internal-source-marker_0.563281626207754" style="font-weight: normal;"><span style="vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Muitas vezes, eu ouvi meu nome ser sussurrado pelas vozes do vento e por diversas vezes meus tutores me levaram a psicólogos, na tentativa de uma cura para um suposto transtorno mental, sem nunca obter resultado satisfatório.A verdade é que nunca </span></span></b><span style="font-weight: normal;"><span style="vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">tive</span></span></span><b id="internal-source-marker_0.563281626207754" style="font-weight: normal;"><span style="vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;"> transtorno algum.Com a idade, as visões pioraram.Eu tentei me convencer que tudo o que via e ouvia era imaginação e procurei diversos médicos para me tratar.Alguns me receitaram medicamentos pesados e tratamentos alternativos.Tentaram me convencer que meu problema foi ocasionado por uma infância sem a figura dos pais, que eu nunca soube quem eram.</span></span></b></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<b id="internal-source-marker_0.563281626207754" style="font-weight: normal;"><span style="vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Em vão, eu tentei muitos métodos para me ver livre das assombrações que me atormentam.Mudei de cidade vezes sem conta e procurei soluções em diversas religiões, mas nada adiantou.Por varias noites, ao voltar sozinho do trabalho para casa, fui perseguido por seres saídos das sombras.Por todos estes anos eu me esquivei da perseguição do povo das trevas, mas emfim eles conseguiram o que queriam.Eles conseguiram me pegar.</span></span></b></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<b id="internal-source-marker_0.563281626207754" style="font-weight: normal;"><span style="vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Quando eu voltava para casa em uma noite deserta, eles apareceram, vieram de todos os lados, saíram da escuridão que me cercava e eu não tive como fugir.Um deles se aproximou de mim, seu olhar penetrou profundamente em meu ser e eu não consegui reagir.Minhas pernas não se moviam.Então, com uma voz espectral ele disse:</span></span></b></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<b id="internal-source-marker_0.563281626207754" style="font-weight: normal;"><span style="vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">- Há muitos anos buscamos por você, príncipe perdido das sombras.Por quê foge de nós, ó filho de Kithund?Por todo este tempo tentamos buscá -lo do mundo humano e trazer você de volta para seu reino, o reino que o sei pai um dia governou.Volte para nós e nos guie, assim como outrora seu pai nos guiou.</span></span></b></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<b id="internal-source-marker_0.563281626207754" style="font-weight: normal;"><span style="vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Hoje eu não temo mais as trevas, pois sou parte delas.</span></span></b></div>
<div>
<b id="internal-source-marker_0.563281626207754" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></b></div>
Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-52126150404644346702013-03-23T06:00:00.000-03:002013-03-23T13:55:49.948-03:00Malária - O Curta nacional que bombou na netEste curta nacional utiliza uma primorosa técnica de "stop motion" para contar uma cativante historia de um homem que foi contratado para matar a morte.Vale a pena conferir.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/GggmWcGRl3I" width="560"></iframe>Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-83615043235769260162013-03-22T06:00:00.000-03:002013-03-22T06:00:13.226-03:00A Noite - Guy de Maupassant<span style="font-family: inherit;">Trago a vocês este maravilhoso conto do escritor francês Guy de Maupassant(*05/08/1850 +6/07/1893).Ele ficou famoso por ter deixado contos de grande valor, que influenciaram grandes nomes da literatura mundial, inclusive H.P. Lovecraft.Entre seus contos mais famosos destaca-se "O Horla",</span>"Mademoiselle Fifi", " Bola de sebo" e "A Pensão Tellier".Guy de Maupassant morreu aos quarenta e três anos em um asilo psiquiátrico em consequências de complicações causadas pela sífilis.<br />
<div>
<br /></div>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<br />
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"><b>A</b>mo a noite apaixonadamente. Amo-a como quem ama seu
país ou sua amante, com um amor instintivo, profundo, invencível. Amo-a com
todos os meus sentidos, com meus olhos que a vêem, com meu olfato que a
respira, meus ouvidos que escutam seu silêncio, com toda a minha carne que as
trevas acariciam.</span></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">As cotovias cantam ao sol, no
ar azul, no ar quente, no ar leve das manhãs claras. O mocho voa à noite,
mancha negra que passa pelo espaço negro, e, radiante, inebriado pela negra
imensidão, solta seu grito vibrante e sinistro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">O dia me cansa e me aborrece. É
brutal e barulhento. Levanto-me com dificuldade, e visto-me com lassidão, saio
a contragosto, e cada passo, cada movimento, cada gesto, cada palavra, cada
pensamento me cansa como se eu levantasse um fardo que me esmagasse. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Mas, quando o sol se põe,
invade-me uma alegria confusa, uma alegria de todo o meu corpo. Desperto, me
animo. À medida que crescem as sombras, sinto-me outro, mais moço, mais forte,
mais alerta, mais feliz. Olho para a grande sombra suave caindo do céu e se
adensando: ela afoga a cidade, como uma onda impalpável e impenetrável, ela
esconde, apaga, destrói as cores, as formas, abraça as casas, os seres, os
monumentos com seu toque imperceptível. Então sinto vontade de gritar de prazer
como as corujas, de correr pelos telhados como os gatos; e um desejo de amar,
impetuoso, invencível, arde em minhas veias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Vou, caminho, ora pelos
subúrbios ensombreados, ora pelos bosques vizinhos de Paris, onde ouço rondarem
minhas irmãs, as bestas, e meus irmãos, os caçadores clandestinos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">O que amamos com violência
sempre acaba nos matando. Mas como explicar o que acontece comigo? E, mesmo,
como explicar que sou capaz de contá-lo? Não sei, já não sei, sei apenas que
isso existe — pronto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Portanto, ontem — era ontem? —,
sim, sem dúvida, a menos que tenha sido antes, um outro dia, um outro mês, um
outro ano — não sei. Mas deve ser ontem, já que o dia não mais raiou, já que o
sol não reapareceu. Mas desde quando dura a noite? Desde quando?... Quem poderá
dizer? Quem algum dia saberá? <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Assim, ontem saí, como faço
todas as noites, depois do jantar. Fazia um tempo muito bonito, muito suave,
muito quente. Ao descer para os bulevares, olhei acima de minha cabeça o negro
rio cheio de estrelas, recortado no céu pelos telhados das casas, que giravam e
faziam esse riacho rolante de astros ondular como um rio de <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default" style="page-break-before: always;">
<span style="font-family: inherit;">verdade.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">No ar leve, tudo estava claro,
desde os planetas até os bicos de gás. Tantas luzes brilhavam lá no alto e na
cidade que as trevas pareciam luminosas. As noites luzentes são mais alegres
que os grandes dias de sol. No bulevar, os cafés rutilavam; todos riam,
passavam, bebiam. Entrei no teatro, por alguns instantes, em que teatro? Não
sei mais. Lá dentro estava tão claro que me senti agoniado, e saí com o coração
meio obscurecido por aquele choque brutal de luz nos dourados do balcão, pelo
cintilar factício do enorme lustre de cristal, pela cortina de luzes da
ribalta, pela melancolia daquela claridade falsa e crua. Cheguei aos Champs-Elysées,
onde os cafés-concertos pareciam focos de incêndio no meio das folhagens. As
castanheiras roçadas pela luz amarela tinham um aspecto de pintadas, um aspecto
de árvores fosforescentes. E os globos de luz elétrica, parecendo luas
cintilantes e pálidas, ovos de lua caídos do céu, pérolas monstruosas, vivas,
faziam empalidecer, sob sua claridade nacarada, misteriosa e imperial, os fios
de gás, do feio gás sujo, e as guirlandas de vidros coloridos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Parei debaixo do Arco do
Triunfo para olhar a avenida, a longa e admirável avenida estrelada, indo até
Paris entre duas linhas de fogo e os astros! Os astros lá no alto, os astros
desconhecidos jogados ao acaso na imensidão, onde desenham essas figuras
estranhas que tanto fazem sonhar, que tanto fazem pensar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Entrei no Bois de Boulogne e lá
fiquei muito tempo, muito tempo. Estava tomado por um arrepio singular, uma
emoção imprevista e poderosa, uma exaltação de meu pensamento que raiava a
loucura. Andei muito tempo, muito tempo. Depois voltei. Que horas eram quando
tornei a passar sob o Arco do Triunfo? Não sei. A cidade adormecia, e nuvens,
grossas nuvens pretas, espalhavam-se lentamente no céu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Pela primeira vez senti que
algo estranho, novo, ia acontecer. Tive a impressão de que fazia frio, de que o
ar se adensava, de que a noite, minha noite bem-amada, pesava sobre meu
coração. Agora a avenida estava deserta. Só dois policiais passeavam perto da
estação dos fiacres, e na rua apenas iluminada pelos bicos de gás que pareciam
moribundos, uma fila de carroças de legumes ia para os Halles. Iam devagar,
carregadas de cenouras, nabos e repolhos. Os cocheiros dormiam, invisíveis; os
cavalos andavam no mesmo passo, seguindo a carroça da frente, sem barulho, pelo
calçamento de madeira. Diante de cada luz da calçada, as cenouras se
iluminavam, vermelhas, os nabos se iluminavam, brancos, os repolhos se
iluminavam, verdes; e essas carroças passavam uma atrás da outra, vermelhas
como o fogo, brancas como a prata, verdes como a esmeralda. Fui atrás delas,
depois virei na rua Royale e voltei para os bulevares. Mais ninguém, mais
nenhum café iluminado, apenas alguns retardatários que se apressavam. Nunca
tinha visto Paris tão morta, tão deserta. Puxei meu relógio, eram duas horas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Uma força me empurrava, uma
necessidade de andar. Portanto, fui até a Bastilha. Lá percebi que nunca tinha
visto uma noite tão escura, pois nem sequer distinguia a Colonne de Juillet,
cujo Gênio dourado estava perdido no breu impenetrável. Um firmamento de
nuvens, cerrado como a imensidão, afogara as estrelas e parecia descer sobre a
terra para liquidá-la. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Retornei. Não havia mais
ninguém ao meu redor. Porém, na praça Du Château-d'Eau um bêbado quase me deu
um encontrão, depois desapareceu. Por algum tempo ouvi seu passo desigual e
sonoro. Eu ia andando. Na altura do Faubourg Montmartre passou um fiacre,
descendo na direção do Sena. Chamei-o. O cocheiro não respondeu. Perto da rua
Drouot, uma mulher zanzava: "Ei, cavalheiro, escute". Apertei o passo
para evitar sua mão estendida. Depois, mais nada. Na frente do Vaudeville, um
catador de trapos vasculhava a sarjeta. Sua pequena lanterna tremulava bem
rente ao chão. Perguntei-lhe: "Que horas são, meu amigo?". <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Ele respondeu: "E eu lá
sei! Não tenho relógio". <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Então, de repente, reparei que
os lampiões de gás estavam apagados. Sei que nesta época do ano eles são
apagados bem cedo, antes do amanhecer, por economia; mas o dia ainda estava
longe, tão longe de raiar! <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Vamos para os
Halles", pensei, "pelo menos lá encontrarei vida." <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Pus-me a caminho, mas não
enxergava nada nem mesmo para me orientar. Ia andando devagar, como se anda num
bosque, contando as ruas para reconhecê-las. Defronte do Crédit Lyonnais um cão
rosnou. Virei na De Grammont, me perdi; perambulei, depois reconheci a Bolsa
pelas grades de ferro que a cercavam. Toda a Paris dormia, com um sono
profundo, apavorante. Mas ao longe andava um fiacre, talvez aquele que tinha
passado por mim ainda agora. Tentei alcançá-lo, indo na direção do ruído de
suas rodas, pelas ruas solitárias e negras, negras, negras como a morte.
Perdi-me de novo. Onde estava? Que loucura apagar o gás tão cedo! Nem um
passante, nem um retardatário, nem um vagabundo, nem um miado de gato
apaixonado. Nada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Mas onde estavam os policiais?
Pensei: "Vou gritar, eles virão". Gritei. Ninguém respondeu. Chamei
mais alto. Minha voz se foi, sem eco, fraca, abafada, esmagada pela noite, por
aquela noite impenetrável. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Berrei: "Socorro! Socorro!
Socorro!". Meu apelo desesperado ficou sem resposta. Que horas eram? Puxei
meu relógio, mas não tinha fósforos. Escutei o leve tiquetaque do pequeno
mecanismo com uma alegria desconhecida e estranha. Ele parecia viver. Eu já não
estava tão sozinho. Que mistério! Recomecei a andar como um cego, tateando os
muros com minha bengala, e a toda hora levantava os olhos para o céu, esperando
que enfim o dia raiasse; mas o espaço estava negro, todo negro, mais
profundamente negro que a cidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Que horas podiam ser? Parecia
que eu caminhava havia um tempo infinito, pois minhas pernas amoleciam debaixo
de mim, meu peito arfava, e eu sofria terrivelmente de fome. Resolvi bater no
primeiro portão. Puxei o botão de cobre e a campainha retiniu sonora na casa;
retiniu estranhamente, como se esse ruído vibrante estivesse sozinho naquela
casa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Esperei, não responderam, não
abriram a porta. Toquei de novo; esperei mais — nada. Tive medo! Corri para a
residência seguinte, e vinte vezes em seguida fiz a campainha ressoar no
corredor escuro onde devia dormir o zelador. Mas ele não acordou — e fui mais
longe, puxando com toda a força as argolas ou os botões, batendo com os pés, a
bengala e as mãos nas portas obstinadamente fechadas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">E de repente percebi que estava
chegando aos Halles. O mercado estava deserto, sem um ruído, sem um movimento,
sem um carro, sem um homem, sem um molho de legumes ou um ramo de flores — as
barracas estavam vazias, imóveis, abandonadas, mortas! Invadiu-me um pavor —
horrível. O que estava acontecendo? Ah, meu Deus! O que estava acontecendo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Fui embora. Mas a hora? A hora?
Quem me diria a hora? Nos campanários ou nos monumentos nenhum relógio batia.
Pensei: "Vou abrir o vidro do meu relógio e sentir os ponteiros com meus
dedos". Puxei meu relógio... ele já não funcionava... estava parado. Mais
nada, mais nada, mais nenhum arrepio na cidade, nenhum clarão, nenhum vestígio
de som no ar. Nada! Mais nada! Nem mesmo o ruído longínquo do fiacre andando —
mais nada! Eu estava nos <i>quais</i>, e subia do rio uma brisa glacial. O Sena
ainda corria? Quis saber, encontrei a escada, desci... Eu não ouvia a torrente
encapelando sob os arcos da ponte... Mais degraus... depois, areia... lama...
depois a água... molhei meu braço... ele corria... frio... frio... frio...
quase gelado... quase seco... quase morto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">E senti perfeitamente bem que
nunca mais teria força para subir de novo... e que ia morrer ali... eu também,
de fome, de cansaço, e de frio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Tradução de
Rosa Freire D'Aguiar</span></span><o:p></o:p></div>
Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-84073494857406457982013-03-18T09:14:00.001-03:002013-03-25T13:36:15.351-03:00O Necromante - Capitulo 3<span style="font-family: inherit;"><b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;"></b><br /></span>
<br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Primeiras Explorações</span></b></div>
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit;"><span style="vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br /></span></b>
<br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBGCBA2LhzY0ppg14FZTZ3cb6dcOCUkk05QVyURAanRtA91Lf_UxXN74SdRgPZHeScZ5cYEsIvPeRHenYeg0k6ekM_GGOVvOZ8PtVLiHP9R4tOrwQY3Err8Ro-2tsY-RRefIgRq7Ge3UaG/s1600/kush.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBGCBA2LhzY0ppg14FZTZ3cb6dcOCUkk05QVyURAanRtA91Lf_UxXN74SdRgPZHeScZ5cYEsIvPeRHenYeg0k6ekM_GGOVvOZ8PtVLiHP9R4tOrwQY3Err8Ro-2tsY-RRefIgRq7Ge3UaG/s400/kush.jpg" width="400" /></a></div>
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Como esperado, a viagem através do continente africano foi mais desgastante que nossa viagem pela França e o Mar Mediterrano.Sofremos muito para nos adaptarmos aos altos e baixos da temperatura do deserto e a escassez de suprimentos.Depois de todos percalços para atravessar vários países chegamos finalmente em nossa hospedagem em um vilarejo do Sudão.Ficamos instalados em uma pequena casa de um morador do local, que nos cobrou uma diária mais cara que muitos hotéis de luxo em Londres.</span></b><br />
<span style="font-family: inherit;"><b style="font-weight: normal;"><span style="vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span></b></span><br />
<a name='more'></a><br /><br />
<a href="" name="more"></a><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit;">
</span></b>
<br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Passamos três dias ali sem explorarmos nenhuma ruína, apenas nos adaptando e preparando nossos instrumentos .No quarto dia acordamos antes do sol nascer e Massat nos levou até as ruínas mais próximas, à cinco horas de camelo da vila.Contemplamos enfim as antigos e imponentes ruínas de uma cultura ancestral.Ainda que aquelas ruínas fossem de um período em que o reinos kush já estava em decadência e houvesse outros templos ainda mais magníficos a explorar , Donovam e eu estávamos em um estado de euforia e nos sentíamos como verdadeiros arqueólogos.</span></b></div>
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;">
</b>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Passamos toda a tarde explorando aquele sitio e Fillins nos proporcionou excelentes explanações à respeito da cultura do povo que ali viveu.Ao cair da tarde seguimos viagem por mais duas horas em direção ao sul e armamos acampamento próximo à um pequeno oásis.Ao raiar do próximo dia Massat nos guiou em direção ao sul por mais quatro horas, seguindo até a cidade que outrora foi uma capital do reino.Ali conhecemos as maravilhosas piramides e templos do que um dia foi o reino mais desenvolvido ao sul do Saara.</span></b><br />
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Explorar estas ruínas fez valer todo o esforço de chegar até aqui.O tempo passa mais rápido quando estamos entretidos em uma atividade gratificante e logo a noite caiu.Então armamos nossas tendas, programando fazer a viagem de volta amanha pela manha.</span></b><br />
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
</b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;"></b></div>
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></b></div>
<b id="internal-source-marker_0.971541297622025" style="font-weight: normal;">
</b>Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-14128504921324248362013-03-11T14:00:00.000-03:002013-03-11T14:00:15.802-03:00Curta - The MakerEste é um dos melhores e mais emocionantes curtas de fantasia que eu conheço.Uma historia cativante e genial.Vale a pena assistir.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/YDXOioU_OKM" width="560"></iframe><br />
<br />
<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
<span style="font-family: inherit;">Este video foi exibido em mais de 60 festivais e ganhou 21 prêmios.O curta foi dirigido por </span> Christopher Kezelos e a trilha sonora se chama 'WINTER', composta por Paul Halleyé.Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-25084783985434533392013-03-04T17:53:00.000-03:002013-03-04T17:53:05.123-03:00A Sombra - Hans Christian Andersen <br /><br />
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> O </span>dinamarquês<span style="font-family: inherit;"> Hans Chistian Andersen (*1805 +1875) é mais conhecido por suas historias infantis , mas também deixou uma vasta obra em outros campos da literatura, como teatro, </span>cancões<span style="font-family: inherit;"> e contos </span>fantásticos.<span style="font-family: inherit;"> Este conto que segue é uma bela obra deste autor que ainda encanta gerações.</span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> É </span><span style="font-family: inherit;">nas terras quentes que o sol arde realmente! As
pessoas ficam cor de mogno, de tão morenas; inclusive, nas mais quentes delas,
ficam negras. Mas foi apenas para as terras quentes — e não para as mais
quentes delas — que se dirigiu um sábio vindo das terras frias; ele achava que
lá poderia perambular como costumava fazer em seu próprio país, mas em pouco
tempo se desiludiu. Ele e todas as pessoas sensatas tinham de ficar dentro de
casa, com os batentes das janelas e as portas fechados o dia inteiro; a
impressão que se tinha era de que a casa inteira dormia, ou de que não havia
ninguém. A rua estreita de casas altas onde ele morava também era construída de
forma a ser banhada pela luz solar da manhã até a noite. Impossível sair! O
sábio vindo das terras frias — um jovem, um homem inteligente — tinha a
sensação de estar sentado sobre um forno repleto de brasas; aquilo o afetou,
ele ficou muito magro, até sua sombra murchou, ficou bem menor do que era
antes, o sol também a consumira. Só à noite, depois que o sol se punha, os dois
recomeçavam a viver.</span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"></span></div>
<a name='more'></a><span style="font-family: inherit;"> <o:p></o:p></span><br />
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> Era uma verdadeira festa para
os olhos; assim que a vela era trazida ao aposento, a sombra se espichava até o
alto da parede, chegava ao teto, de tão comprida que ficava, precisava se
espreguiçar para recuperar as forças. O sábio saía para o balcão para
desenferrujar um pouco, e à medida que as estrelas iam surgindo na deliciosa
limpidez do ar, ele tinha a impressão de voltar à vida. Em todos os balcões da
rua — e nas terras quentes toda janela tem um balcão - as pessoas saíam, pois não
há quem não tenha necessidade de ar, inclusive as pessoas habituadas a ser cor
de mogno! Tudo se animava, em cima e embaixo. Sapateiros e alfaiates, todos
corriam para a rua, surgiam mesas e cadeiras e velas acesas, sim, milhares de
velas acesas, e enquanto um falava, o outro cantava, muita gente passeava,
carruagens rodavam, burros andavam — blim-blão! de sineta no pescoço; mortos
eram enterrados ao som de salmos, os moleques da rua faziam algazarra e os
sinos da igreja bimbalhavam; sim, a rua ficava repleta de vida. Apenas em uma
das casas, justamente a que ficava na frente daquela em que morava o sábio
estrangeiro, tudo permanecia quieto; e certamente alguém morava naquela casa,
pois havia flores no balcão, flores que cresciam tão bem naquele lugar
ensolarado, flores que não existiriam se não fossem regadas, e portanto alguém
deveria regá-las; alguém morava naquela casa. À noite a porta daquele balcão
também se entreabria, mas o interior era escuro, pelo menos o aposento da
frente não tinha luz, embora se ouvisse o som de música vindo lá de dentro. O
sábio estrangeiro achava que era uma música incomparável, mas talvez fosse
imaginação dele, porque para o sábio estrangeiro tudo naquelas terras quentes
era incomparável, a única coisa que atrapalhava era o sol. O senhorio do
estrangeiro dizia não saber quem havia alugado a casa da frente, nunca se via
ninguém por lá, e, quanto à musica, achava-a tremendamente aborrecida. 'Até
parece que tem alguém ensaiando uma peça que nunca consegue concluir, toca
sempre a mesma peça. 'Eu acabo conseguindo', diz a pessoa, mas nunca consegue,
por mais que toque." <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> Uma noite o estrangeiro
acordou, dormia com a porta do balcão aberta, a cortina balançava ao vento, e
teve a impressão de que havia uma luminosidade estranha no balcão da casa em
frente: todas as flores brilhavam como labaredas nas cores mais fantásticas, e
no meio das flores estava uma jovem esguia, belíssima, que dava a impressão de
também estar impregnada de luz; a luz feriu os olhos do estrangeiro, mas a
verdade é que ele os tinha muito arregalados e que acabara de acordar;
levantando-se de um salto, ele se aproximou devagar da cortina, mas a jovem se
fora, a luminosidade desaparecera; as flores já não brilhavam, embora tivessem
o ótimo aspecto de sempre; a porta estava entreaberta e do âmago da casa vinha
uma música tão maravilhosa, tão suave, que o ouvinte era invadido por
pensamentos delicados. Parecia um encantamento, mas quem viveria ali? E onde
ficaria a porta de entrada? Todo o andar térreo era ocupado por lojas, uma ao
lado da outra, não era possível que para entrar para a residência, em cima,
fosse necessário passar sempre por alguma delas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> Uma tarde o estrangeiro estava
sentado em seu balcão enquanto atrás dele, no interior do quarto, queimava uma
vela, de modo que era muito natural que sua sombra fosse parar do outro lado da
rua, na parede da casa do vizinho da frente; com efeito, lá estava ela, sentada
entre as flores do balcão; e sempre que o estrangeiro se movia, sua sombra
também se movia, porque era assim que ela sempre se comportava. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Acho que minha sombra é o
único ser vivo que se avista por lá!", disse o sábio. "Veja com que
elegância está sentada no meio das flores, com a porta entreaberta! Agora... A
sombra bem que poderia ser mais esperta e entrar na casa para dar uma olhada e
depois vir me contar o que viu! Vamos, faça alguma coisa útil", disse ele,
brincando. "Faça-me o favor de se introduzir na casa! E então?! Vai entrar
ou não vai entrar?", insistiu ele com um aceno, e a sombra acenou também.
"Entre de uma vez, mas não vá desaparecer", disse o estrangeiro,
levantando-se, e sua sombra no balcão da casa do vizinho da frente se levantou
também; o estrangeiro se virou, e sua sombra também se virou; e se houvesse
alguém prestando atenção na cena,</span><span style="font-family: inherit;">teria
visto claramente a sombra entrar pela porta entreaberta do balcão da casa do
vizinho da frente no exato instante em que o estrangeiro entrava em seu quarto
e deixava a longa cortina voltar para o lugar.</span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Na manhã seguinte o sábio saiu
para tomar café e ler os jornais. "Mas o que é isso?", exclamou, ao
sair para o sol. "Estou sem sombra! Quer dizer que ela entrou mesmo na
casa ontem à noite e não saiu mais; que problema eu fui arranjar!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> Aquilo o deixou agastado: não
tanto por causa do desaparecimento da sombra, e sim porque conhecia uma
história sobre um homem sem sombra muito divulgada nas terras frias de onde
vinha, e se por acaso chegasse lá contando a sua, todo mundo iria dizer que
estava imitando a outra, coisa que ele não queria de jeito nenhum. Diante
disso, resolveu que não tocaria no assunto, e foi uma decisão muito acertada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> À noite o sábio saiu novamente
para seu balcão, depois de posicionar a vela corretamente atrás de si, pois
sabia que as sombras sempre desejam ter seus senhores como telas, mas não
conseguiu atraí-la; fez-se pequeno, fez-se grande, mas nenhuma sombra apareceu!
Chegou a falar "Ei! Ei!", mas não adiantou nada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Era desmoralizante, mas nas
terras quentes tudo cresce de maneira desordenada; passados oito dias ele
observou, para sua grande satisfação, que uma nova sombra havia começado a
crescer de suas pernas sempre que ele saía para o sol. A raiz devia ter ficado
enterrada. Passadas três semanas, já adquirira uma sombra bastante adequada, a
qual, quando ele rumou novamente para as terras do norte, continuou crescendo
sem parar durante a viagem, de tal modo que no fim estava tão comprida e tão
grande que com metade dela já seria mais do que suficiente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">E assim o sábio voltou para sua
terra e escreveu livros sobre o que era verdade no mundo e sobre o que era bom
e sobre o que era belo, e passaram-se dias, e passaram-se anos, e passaram-se
muitos anos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> Uma noite ele estava em seu
quarto e alguém bateu suavemente à porta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Entre!", disse, mas
ninguém entrou; quando ele foi abrir a porta, viu diante de si uma pessoa tão
extraordinariamente magra que o deixou perturbado. No mais, vestia-se com muita
elegância, devia ser um homem distinto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Com quem tenho a honra de
falar?", perguntou o sábio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Bem que eu estava
imaginando que o senhor não iria me reconhecer!", disse o homem distinto.
"Hoje em dia tenho tanto corpo, cheguei mesmo a adquirir carne e
vestimentas. Imagino que jamais lhe tenha passado pela cabeça verme assim tão
próspero. Então o senhor não reconhece sua antiga sombra? Sim, vejo que o
senhor não acreditava que eu pudesse voltar para casa algum dia. As coisas
correram muito bem para mim desde a última vez que estivemos juntos, fui muito
bem-sucedido, de todos os pontos de vista! Se for o caso de eu comprar minha
liberdade, tenho os meios para tal!" Dizendo isso, sacudiu um punhado de
valiosos selos pendurados à corrente de seu relógio e enfiou a mão na grossa
corrente de ouro que lhe pendia do pescoço. Todos os seus dedos cintilaram com
anéis de diamantes! E todos eles, pedras sem jaça. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Não consigo me refazer de
minha surpresa!", disse o sábio. "O que está acontecendo aqui?!"
<o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"De fato, coisa simples
não é!", disse a sombra. "Mas o senhor mesmo tampouco se conta entre
os simples e eu, como o senhor sabe muito bem, desde criança sigo suas pegadas.
Nem bem o senhor concluiu que eu estava preparado para sair sozinho mundo
afora, segui meu próprio rumo; minha situação atual é das mais estupendas, mas
fui tomado por uma espécie de nostalgia, um desejo de voltar a vê-lo pelo menos
uma vez antes de sua morte, pois mais dia, menos dia o senhor vai </span><span style="font-family: inherit;">morrer!
Além disso, eu também queria rever estas terras, pois é fato que sempre nos
sentimos ligados à pátria-mãe! Sei que o senhor obteve uma outra sombra. Devo
pagar-lhe, ou pagar-lhes, alguma coisa? Faça-me o favor de dizer!"</span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Mas então é mesmo
você!", disse o sábio. "Que coisa extraordinária! Eu jamais teria
acreditado que nossa antiga sombra pudesse reaparecer sob a forma de ser
humano!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Diga-me quanto lhe
devo!", disse a sombra. "Não quero permanecer em débito." <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Como você pode falar
desse modo?", exclamou o sábio. "A que dívida se refere? Sinta-se
inteiramente livre! Sua felicidade me dá imensa alegria. Sente-se velho amigo,
e me conte um pouco como as coisas se passaram e o que você viu na casa do
nosso vizinho das terras quentes!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Sim, já lhe contarei
tudo", disse a sombra, sentando-se, "mas o senhor terá de me prometer
que jamais revelará a ninguém aqui na cidade, onde quer que possa encontrar-me,
que um dia fui sua sombra! Tenho a intenção de ficar noivo; meus meios me
permitem manter até mais de uma família!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Pode ficar
sossegado!", disse o sábio. "Jamais direi a ninguém quem você
realmente é! Aperte a minha mão! Dou-lhe minha palavra de honra." <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Palavra de sombra!",
disse a sombra, que não podia dizer outra coisa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> Era notável, aliás, até que
ponto aquela sombra era um ser humano; toda vestida de negro, envergando as
mais elegantes vestimentas negras que se podiam encontrar, botas de verniz e
chapéu dobrável, de modo a virar apenas copa e aba; e isso sem falar no que já
sabemos que possuía: selos, corrente de ouro e anéis de diamante; sim, a sombra
estava extraordinariamente bem vestida, e era somente esse fato que a transformava
num verdadeiro ser humano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">'Agora vou lhe contar minhas
aventuras!", disse a sombra, apoiando as pernas munidas das botas de
verniz com quanta força pôde sobre o braço da nova sombra do sábio, que estava
deitada aos pés dele como um cachorrinho poodle. Talvez tivesse feito isso por
arrogância, talvez para imobilizar a outra; e a sombra prostrada se manteve
perfeitamente quieta e tranqüila para poder ouvir a história; ela bem que
queria saber o que era preciso fazer para soltar-se e igualar-se a seu próprio
senhor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"O senhor sabe quem morava
na casa do outro lado da rua?", perguntou a sombra. "Era a figura
mais encantadora deste mundo, a Poesia! Passei três semanas lá, e foi como se
tivesse vivido três mil anos e lido toda a poesia e todos os textos jamais
escritos. É o que lhe digo e atesto. Tudo vi e tudo sei!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"A Poesia!", gritou o
sábio. "Sim! Sim! Acontece muitas vezes de ela ser uma eremita nas cidades
grandes! A Poesia! É verdade, eu a avistei por um curto instante, mas o sono
obnubilou meus olhos! Ela estava no balcão e brilhava tanto que parecia a
Estrela do Norte! Conte-me, conte-me! Você estava no balcão, depois entrou
porta adentro e viu...!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Entrei, e me vi na
antecâmara!", disse a sombra. "E o senhor permaneceu sentado, olhando
na direção da antecâmara. Não havia vela alguma, só urna espécie de penumbra,
mas em seguida abria-se uma série de portas escancaradas, uma depois da outra,
formando uma longa sucessão de aposentos e salões, estes sim profusamente
iluminados. Eu teria sido fulminado por toda aquela luz se tivesse me
precipitado até a donzela; mas avancei com prudência, dei-me tempo, que é o que
devemos fazer!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"E o que você viu?",
perguntou o sábio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Vi todas as coisas, e
pretendo contar ao senhor o que vi, mas... não se trata de orgulho da minha
parte, mas... em minha qualidade de ser livre e com os meios de que disponho,
sem falar em minha excelente posição, em minha situação <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default" style="page-break-before: always;">
<span style="font-family: inherit;">confortável...
eu lhe pediria que me desse o tratamento de 'senhor'!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Peço-lhe que me perdoe!",
disse o sábio. "São os velhos hábitos que se aferram. O senhor tem toda a
razão! Não se preocupe, tratarei de lembrar-me! Mas, por favor, agora me conte
tudo o que viu!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Sim, tudo!",
declarou a sombra. "Pois tudo vi, e tudo sei!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Qual era o aspecto dos
aposentos mais íntimos?", perguntou o sábio. "Tinham o frescor da
floresta? Lembravam a santidade da igreja? Essas salas íntimas eram como um
claro céu estrelado quando o contemplamos das mais altas montanhas?" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Tudo isso ao mesmo
tempo!", respondeu a sombra. "Na verdade, não entrei até a parte mais
interna, fiquei no aposento da frente, na penumbra, mas estava muito bem
posicionado e tudo vi, tudo sei! Estive na corte da Poesia, na
antecâmara." <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Mas o que o senhor viu?
Todos os deuses da Antigüidade andavam pelos vastos salões? Os velhos heróis
travavam combate? Crianças gentis brincavam e contavam seus sonhos?" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Estou lhe dizendo que
estive lá, e o senhor pode imaginar que vi todas as coisas que havia para ver!
Se o senhor tivesse estado lá, não teria se transformado em homem, mas foi o
que aconteceu comigo! E em pouco tempo aprendi a conhecer minha natureza mais
íntima, minhas características inatas, meu parentesco com a Poesia. Na época em
que eu vivia com o senhor, não pensava nessas coisas, mas, como o senhor bem
sabe, toda vez que o sol nascia ou se punha eu ficava fantasticamente grande;
com efeito, à luz do luar eu quase ficava mais nítido do que o senhor; naquele
tempo eu não compreendia minha natureza; naquela antecâmara é que tudo se desvendou
para mim! Eu me transformei em homem! Saí de lá amadurecido, mas o senhor já
não se encontrava nas terras quentes; como homem, eu me envergonhava de andar
com aquele aspecto. Precisava de botas, de vestimentas, de todo aquele verniz
de homem que caracteriza um homem como tal. Saí dali, sim, digo-lhe que saí
dali, mas por favor não divulgue o que lhe conto, saí dali diretamente para
debaixo da saia da mulher que vendia bolos, me escondi debaixo da saia dela;
ela nem desconfiava de que escondia tudo aquilo; eu só saía de lá à noite;
corria pelas ruas à luz do luar; encostava-me nas paredes para sentir aquele
delicioso roçar em minhas costas! Corria para cá, corria para lá, espiava para
dentro das janelas mais altas, para dentro das salas, por sobre os telhados,
observava todos os lugares que ninguém mais conseguia ver e via o que ninguém
mais via, o que não era para ser visto por ninguém! Basicamente, nosso mundo é
um mundo muito baixo! Eu nunca teria querido ser homem, não fosse a crença tão
amplamente difundida de que ser homem é uma coisa excelente! Vi as coisas mais
impensáveis acontecerem entre as mulheres, entre os homens, entre os pais e
entre as doces e admiráveis crianças. Vi", continuou a sombra, "o que
homem algum deveria conhecer, mas que todos, invariavelmente, dariam qualquer
coisa para saber, ou seja, os pecados do vizinho. Se eu tivesse escrito um
jornal, todos gostariam de lê-lo! Mas eu escrevia diretamente para a pessoa
envolvida e todas as cidades por onde eu passava eram tomadas pelo pânico.
Todos ficaram com tanto medo de mim! E todos tinham uma estima incomensurável
por mim! Os professores fizeram de mim um professor, os alfaiates me deram
roupas novas. Fiquei muito bem abastecido. Os moedeiros cunharam moedas para
mim e as mulheres disseram que eu era lindo! Foi assim que me transformei no
homem que sou! E agora preciso me despedir; aqui está meu cartão, moro na
calçada do sol e estou sempre em casa quando chove!' E, dizendo isso, a sombra
se retirou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Que acontecimento
extraordinário!", disse o sábio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Dias e anos se passaram, e a
sombra voltou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Default" style="page-break-before: always;">
<span style="font-family: inherit;">"Como
vão as coisas?", perguntou ela. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Nem me pergunte!",
respondeu o sábio. "Escrevo sobre a verdade e sobre o bem e sobre o belo,
mas ninguém se interessa por esse tipo de coisa. Estou verdadeiramente
desesperado, são coisas tão importantes para mim..." <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Pois para mim não!",
disse a sombra. "Estou engordando, e é unicamente com isso que deveríamos
nos preocupar! É que o senhor não entende as coisas deste mundo, vai acabar
mal. Está precisando viajar! No próximo verão, farei uma viagem. O senhor
gostaria de viajar comigo? Bem que eu gostaria de ter um companheiro de viagem!
Aceitaria viajar comigo como minha sombra? Para mim, será uma grande satisfação
tê-lo ao meu lado. Faço questão de pagar suas despesas!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Que proposta
extraordinária!", disse o sábio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Depende do ponto de
vista!", disse a sombra. "Viajar vai lhe fazer bem! Se aceitar ser
minha sombra, não precisará pagar por coisa nenhuma durante toda a
viagem." <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Mas seria muita loucura!",
disse o sábio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Contudo, assim é o mundo
e assim ele continuará sendo!", disse a sombra, e se retirou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">As coisas estavam
verdadeiramente complicadas para o sábio; o sofrimento e o desgosto seguiam-no
por todo lado e tudo o que ele dissesse sobre a verdade e sobre o bem e sobre o
belo não significava mais para a maioria das pessoas do que uma rosa para uma
vaca! No fim, ele acabou ficando gravemente enfermo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"O senhor está parecendo
uma sombra!", diziam-lhe todos, e o sábio estremecia, pois era exatamente
o que estava pensando. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Uma temporada numa
estação de águas certamente lhe faria muito bem!", disse a sombra, que
fora visitá-lo. "Não há coisa melhor! Vou levá-lo em nome de nossa antiga
amizade; pago a viagem e o senhor escreve um relato, e assim me distraio um
pouco durante o trajeto! Também eu preciso de um tratamento com as águas
termais: minha barba não está crescendo tanto quanto deveria e isso é uma forma
de doença, pois ter barba é uma necessidade! Faça-me o favor de ser razoável e
aceite meu convite! Viajemos como dois bons amigos!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">E assim foi feito; a sombra era
o amo e o amo era a sombra; os dois viajaram juntos de carruagem, a cavalo e a
pé, lado a lado ou um na frente e o outro atrás, ao sabor da posição do sol; a
sombra estava sempre querendo ocupar o lugar do amo; e o sábio não se
incomodava nem um pouco com isso; tinha um ótimo coração, era um homem amável e
doce, e por isso um dia disse à sombra: <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Já que agora somos
companheiros de viagem, como somos, e já que antes disso crescemos juntos desde
a mais tenra infância, não lhe parece que seria o caso de fazermos um brinde à
nossa amizade e abandonarmos o tratamento formal de 'senhor'? Acho que seria
mais íntimo, não lhe parece?" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Vamos pensar um pouco em
sua proposta!", disse a sombra, que agora era o verdadeiro amo. "Sua
ponderação é muito franca e bem-intencionada, por isso serei igualmente franco
e bem-intencionado. O senhor, como sábio, certamente não ignora a que ponto é
surpreendente a natureza humana. Algumas pessoas não conseguem nem encostar a
mão em papel pardo que logo se sentem mal, outras ficam com o corpo inteiro
abalado quando alguém fricciona alguma coisa aguda em uma vidraça; sou tomado
por sensação semelhante ao ouvi-lo tratar-me de 'você', é como se estivesse
sendo empurrado de encontro à terra, tal como acontecia em minha primeira
permanência ao seu lado. Como o senhor vê, trata-se de uma sensação, e não de
orgulho; não posso permitir que me chame de 'você', mas de minha parte terei
muito prazer em chamá-lo de 'você', de modo a realizar seu desejo pelo menos em
parte!"<o:p></o:p></span></div>
<div class="Default" style="page-break-before: always;">
<span style="font-family: inherit;">E
assim a sombra passou a chamar o antigo amo de "você". <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"É insensato, isso de eu
chamá-lo de 'senhor' e ele a mim de 'você'", pensava o sábio, sem ter como
alterar a situação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">E assim os dois chegaram a uma
estação de águas onde havia vários estrangeiros, entre eles a linda filha de um
rei, que sofria da enfermidade de ver tudo bem demais, o que era, claro, muito
preocupante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">Na mesma hora a moça percebeu
que aquele que acabara de chegar era uma pessoa totalmente diferente das outras
que estavam ali: "Ele está aqui para fazer sua barba crescer, dizem, mas
vejo que a razão verdadeira é o fato de que ele não projeta nenhuma
sombra". <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Vossa Alteza Real deve
estar melhorando!", disse a sombra. "Sei que seu mal é ver bem
demais, mas isso acabou, a senhora está curada! A verdade é que tenho uma
sombra muito pouco convencional. A senhora não está vendo aquela pessoa que
anda sempre ao meu lado? Outras pessoas têm sombras comuns, mas eu não gosto de
coisas comuns. Muitas vezes acontece de gastarmos mais com a libré de nossos
empregados do que com nossos próprios trajes, e eu permiti que minha sombra se
transformasse em homem! É isso mesmo, a senhora pode observar que cheguei ao
ponto de dar-lhe uma sombra. É uma coisa muito onerosa, mas faço questão de ter
coisas de qualidade!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"O quê?", pensou a
princesa. "Será possível que eu tenha me curado? Esta estação de águas é
verdadeiramente de primeira categoria! Nos tempos que correm, a água tem de
fato poderes extraordinários. Mas não vou partir ainda; agora é que as coisas
estão ficando divertidas. Aquele estrangeiro me agrada sobremaneira. Espero,
pelo menos, que a barba dele não cresça, porque se crescer, ele vai embora!' <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> À noite, no grande salão de
bailes, a filha do rei dançou com a sombra. Ela era leve, mas a sombra era
ainda mais leve; a jovem jamais dançara com parceiro como aquele. A princesa
contou à sombra de que país tinha vindo e a sombra conhecia seu país, já
estivera lá, mas num momento em que ela não estava em casa, e espiara pelas
janelas mais altas e pelas janelas mais baixas, vira de tudo um pouco, e desse
modo teve condições de responder às perguntas da filha do rei e dar-lhe
informações que a deixaram boquiaberta; aquela devia ser a pessoa mais bem
informada do mundo! A princesa desenvolveu um respeito imenso pelas coisas que
a sombra sabia, e quando os dois dançaram juntos novamente a princesa se
apaixonou, e a sombra imediatamente percebeu, pois o olhar da princesa parecia
atravessá-la. E assim os dois dançaram juntos mais uma vez e a princesa esteve
a ponto de declarar-se, mas era muito ponderada, pensava em seu país e em seu
reino e nas muitas pessoas sobre as quais haveria de reinar. "Sábio ele é,
e isso é bom!", pensou a moça consigo mesma. 'Além disso, é excelente
dançarino, o que também é ótimo. Mas será que possui uma base cultural sólida?
Isso é igualmente muito importante. Será preciso avaliá-lo com rigor." Com
isso, começou a interrogá-lo sobre algumas questões particularmente difíceis,
questões para as quais nem ela mesma tinha resposta, e a sombra ficou com uma
expressão muito estranha no rosto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Para esta questão, o
senhor não tem resposta!", disse a filha do rei. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Mas se são coisas que
aprendi quando criança!", disse a sombra. 'Acredito que até minha sombra,
que lá está, perto da porta, sabe responder!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Sua sombra!?",
estranhou a princesa. "Isso seria verdadeiramente extraordinário!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Bem, não estou cem por
cento certo de que ela saiba!", disse a sombra. "Contudo acredito que
sim, pois faz muitos anos que me segue e me escuta... Acredito que sim! Mas
permita-me Vossa Alteza Real uma advertência: veja que minha sombra <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default" style="page-break-before: always;">
<span style="font-family: inherit;">tem
tanto orgulho de fazer-se passar por homem que para que apresente boa
disposição — e será necessário que seja assim, para que tenha condições de
responder adequadamente — será preciso que a trate como se fosse de fato um
homem." <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Quanto a isso, não há
problema!", disse a filha do rei. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> E então ela se dirigiu ao
sábio, que estava junto à porta, e conversou com ele sobre o sol e sobre a lua
e sobre os homens tanto por fora como por dentro, e ele respondeu muito bem e
com muita propriedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Que homem deve ser
aquele, para ter uma sombra assim!", pensou ela. "Será uma verdadeira
bênção para o meu povo e para o meu reino que eu o escolha para consorte; e é
exatamente isso o que vou fazer!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> E em pouco tempo os dois
chegaram a um entendimento, a filha do rei e a sombra, só que ninguém deveria
saber a respeito enquanto ela não estivesse de volta a seu próprio reino. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Ninguém saberá, nem mesmo
minha sombra!", disse a sombra, que tinha boas razões para dizer isso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> E assim eles chegaram às terras
sobre as quais reinava a filha do rei quando não estava viajando. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Ouça, meu caro
amigo!", disse a sombra ao sábio, "agora que sou a mais feliz e
poderosa das pessoas, quero fazer alguma coisa especial por você! Você viverá
para sempre ao meu lado no castelo, viajará comigo em minha carruagem real e
terá centenas de milhares de moedas por ano; em troca, deverá aceitar que
todos, sem exceção, o chamem de sombra; jamais deverá revelar que um dia foi um
homem, e uma vez por ano, quando eu me sentar ao sol no balcão e permitir que
todo o povo me veja, deverá prostrar-se a meus pés como se fosse mesmo uma sombra!
Saiba que vou me casar com a filha do rei, e que o casamento terá lugar hoje à
noite." <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Não, isso é completamente
insano!", disse o sábio. "Não quero, não aceito! Isso seria enganar o
país inteiro e a filha do rei também! Revelarei tudo! Direi que sou um homem e
que você é uma sombra, direi que você é uma sombra que usa roupas, só
isso!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Ninguém vai
acreditar!", disse a sombra. "Comporte-se, do contrário eu chamo a
guarda!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Vou imediatamente falar
com a filha do rei!", disse o sábio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Mas eu vou primeiro!",
disse a sombra, "e você vai para a prisão!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> E foi exatamente para onde ele
foi, pois as sentinelas obedeceram às ordens do homem com quem sabiam que a
princesa ia se casar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Você está trêmulo!",
disse a princesa, quando a sombra se aproximou dela. 'Aconteceu alguma coisa?
Não vá adoecer logo na noite do nosso casamento!” <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Tive a mais terrível das
experiências!", disse a sombra. "Imagine só... Claro, o cérebro de
uma pobre sombra não agüenta grande coisa! Imagine que minha sombra
enlouqueceu! Pensa que é um homem e que eu... Imagine só... Que eu é que sou a
sombra!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Que horror!", disse
a princesa. "Espero que pelo menos ela esteja bem trancafiada!" <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"E está mesmo. Temo que
jamais recupere a razão." <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Pobre sombra!",
disse a princesa. "Tão infeliz! Seria uma verdadeira boa ação libertá-la
dessa minúscula vida que tem. Na verdade, agora que penso nisso, acredito que
será necessário acabar discretamente com ela." <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"É uma solução muito
severa! Serviu-me tão fielmente!", disse a sombra, soltando uma espécie de
suspiro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;">"Quanta nobreza em seu
caráter!", disse a filha do rei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Default" style="page-break-before: always;">
<span style="font-family: inherit;"> À
noite a cidade inteira se iluminou, os canhões fizeram bum! e os soldados
apresentaram armas. Foi um casamento e tanto! A filha do rei e a sombra saíram
para o balcão para que os súditos pudessem vê-los e os saudassem com um último
"Viva!". <o:p></o:p></span></div>
<div class="Default">
<span style="font-family: inherit;"> O sábio não ouviu nada disso,
pois já perdera a vida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 247.8pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Tradução de Heloísa Jahn</span></span><o:p></o:p></div>
Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-76476833436076375282013-02-16T17:12:00.000-02:002013-02-16T17:12:22.713-02:00Animação HeartVejam esta excelente animação ganhadora de vários prêmios internacionais.Do diretor Erick Oh com o apoio do diretor de "Os Simpsons", <span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Matt Groeningé uma maravilhosa crítica a ganancia.</span><br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/JOP-_8TFWn8" width="560"></iframe> </span>Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-20152599009582236382013-02-14T19:56:00.002-02:002013-02-16T17:12:54.362-02:00O Barril de Amontillado - Edgar Allan Poe<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Quando se pensa em contos de mistério logo se pensa em Edgar Allan Poe(*1809 - <span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">†</span>1849).Meu primeiro contato com a literatura de terror foi com o seu livro<b> </b></span><span style="font-size: small;">Histórias Extraordinárias quando eu tinha 13 a<span style="font-size: small;">nos, uma deliciosa coletânea de contos do autor.Ainda hoje sua obra influencia a maioria dos escritores de contos <span style="font-size: small;">macabros.Poe morreu aos quarenta anos em Baltimore e a causa de sua morte ainda é um assunto controverso<span style="font-size: small;">.O conto que segue é um<span style="font-size: small;"> dos mais con<span style="font-size: small;">hecidos do a<span style="font-size: small;">utor.Boa leitura.</span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span></span></span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span><br />Suportei o melhor que pude as mil e uma injúrias de<span style="font-size: small;"> </span>Fortunato; mas quando<span style="font-size: small;"> </span>começou a entrar pelo insulto, jurei vingança. Vós, que tão bem conheceis a<span style="font-size: small;"> </span>natureza da minha índole, não ireis supor que me limitei a ameaçar. Acabaria<span style="font-size: small;"> </span>por vingar-me; isto era ponto definitivamente assente, e a própria<span style="font-size: small;"> </span>determinação com que o decidi afastava toda e qualquer idéia de risco. Devia<span style="font-size: small;"> </span>não só castigar, mas castigar ficando impune. Um agravo não é vingado<span style="font-size: small;"> </span>quando a vingança surpreende o vingador. E fica igualmente por vingar<span style="font-size: small;"> </span>quando o vingador não consegue fazer-se reconhecer como tal àquele que o<span style="font-size: small;"> </span>ofendeu.<br />Deve compreender-se que nem por palavras, nem por atos, dei motivos a<span style="font-size: small;"> </span>Fortunato para duvidar da minha afeição. Continuei, como era meu desejo, a<span style="font-size: small;"> </span>rir-me para ele, que não compreendia que o meu sorriso resultava agora da<span style="font-size: small;"> </span>idéia da sua imolação.<br />Tinha um ponto fraco, este Fortunato sendo embora, sob outros aspectos,<span style="font-size: small;"> </span>homem digno de respeito e mesmo de receio. Orgulhava-se da sua qualidade<span style="font-size: small;"> </span>de entendido em vinhos. Poucos italianos possuem o verdadeiro espírito de<span style="font-size: small;"> </span>virtuosidade. Na sua maior parte, o seu entusiasmo é adaptado às<span style="font-size: small;"> </span>circunstâncias de tempo e de oportunidade para ludibriar milionários<span style="font-size: small;"> </span>britânicos e austríacos. Em pintura e pedras preciosas, Fortunato, à<span style="font-size: small;"> </span>semelhança dos seus concidadãos, era um charlatão, mas na questão de vinhos<span style="font-size: small;"> </span>era entendido. Neste aspecto eu não diferia substancialmente dele: eu próprio<span style="font-size: small;"> </span>era entendido em vinhos de reserva italianos, e comprava-os em grandes<span style="font-size: small;"> </span>quantidades sempre que podia.<span style="font-size: small;"> </span></span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span>Foi ao escurecer, numa tarde de grande loucura da quadra carnavalesca, que<span style="font-size: small;"> </span>encontrei o meu amigo. Acolheu-me com excessivo calor, pois bebera demais.<span style="font-size: small;"> </span>Trajava de bufão; um fato justo e parcialmente às tiras, levando na cabeça um<span style="font-size: small;"> </span>barrete cônico com guizos. Fiquei tão contente de o ver que julguei que nunca<span style="font-size: small;"> </span>mais parava de lhe apertar a mão.<br />- Meu caro Fortunato - disse eu -, ainda bem que o encontro. Você tem hoje<span style="font-size: small;"> </span>uma aparência notável! Saiba que recebi um barril de um vinho que passa por<span style="font-size: small;"> </span>ser amontillado; mas tenho cá as minhas dúvidas.<br />- O quê? - disse ele - Amontillado? Um barril? Impossível! E em pleno<span style="font-size: small;"> </span>Carnaval!<br />- Tenho as minhas dúvidas - respondi -, e estupidamente paguei o verdadeiro preço do amontillado sem ter consultado o meu amigo. Não o consegui<span style="font-size: small;"> </span>encontrar e tinha receio de perder o negócio!<br />- Amontillado!<br />- Tenho as minhas dúvidas - insisti.<br />- Amontillado!<br />- E tenho de as resolver.<br />- Amontillado!<br />- Como vejo que está ocupado, vou procurar Luchesi. Se existe alguém com<span style="font-size: small;"> </span>espírito crítico, é ele. Ele me dirá.<br />- Luchesi não distingue amontillado de xerez.<br />- No entanto, há muito idiota que acha que o seu gosto desafia o do meu<span style="font-size: small;"> </span>amigo.<br />- Venha, vamos lá.<br />- Aonde?<br />- À sua cave.<br />- Não, meu amigo, não exigiria tanto da sua bondade. Vejo que tem<span style="font-size: small;"> </span>compromissos. Luchesi...<br />- Não tenho compromisso nenhum, vamos.<br />- Não, meu amigo. Não será o compromisso, mas aquele frio terrível que bem<span style="font-size: small;"> </span>sei que o aflige. A cave é insuportavelmente úmida. Está coberta de salitre.<br />- Mesmo assim, vamos lá. O frio não é nada. Amontillado! Você foi<span style="font-size: small;"> </span>ludibriado. E quanto a Luchesi, não distingue xerez de amontillado.<br />Assim falando, Fortunato pegou-me pelo braço. Depois de pôr uma máscara<span style="font-size: small;"> </span>de seda preta e de envergar um roquelaire cingido ao corpo, tive que suportar-lhe<span style="font-size: small;"> </span>a pressa que levava a caminho do meu palacete.<span style="font-size: small;"> </span>Não havia criados em casa; tinham desaparecido todos para festejar aquela<span style="font-size: small;"> </span>quadra. Eu tinha-lhes dito que não voltaria senão de manhã e dera-lhes ordens<span style="font-size: small;"> </span>explícitas para se não afastarem de casa. Ordens essas que foram o suficiente,<span style="font-size: small;"> </span>disso estava eu certo, para assegurar o rápido desaparecimento de todos eles,<span style="font-size: small;"> </span>mal voltara costas.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Retirei das arandelas dois archotes e, dando um a Fortunato, conduzi-o através<span style="font-size: small;"> </span>de diversos compartimentos até à entrada das caves. Desci uma grande escada<span style="font-size: small;"> </span>de caracol e pedi-lhe que se acautelasse enquanto me seguia. Quando<span style="font-size: small;"> </span>chegamos ao fim da descida encontrávamo-nos ambos sobre o chão úmido das<br />catacumbas dos Montresors.<span style="font-size: small;"> </span>O andar do meu amigo era irregular e os guizos da capa tilintavam quando se<span style="font-size: small;"> </span>movia.<span style="font-size: small;"> </span></span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"> </span>- O barril? - perguntou.<br />- Está lá mais para diante - disse eu -, mas veja a teia branca de aranha que<span style="font-size: small;"> </span>cintila nas paredes da cave.<br />Voltou-se para mim e pousou nos meus olhos duas órbitas enevoadas pelos<span style="font-size: small;"> </span>fumos da intoxicação.<br />- Salitre? - perguntou por fim.<br />- Sim - respondi. - Há quanto tempo tem essa tosse?<br />- Hâg!, hâg!, hâg! Hâg!, hâg!, hâg!<br />O meu amigo ficou sem poder responder-me durante bastante tempo.<br />- Não é nada - acabou por dizer.<br />- Venha - disse-lhe com decisão. - Retrocedamos, a sua saúde é preciosa. Você<span style="font-size: small;"> </span>é rico, respeitado, admirado, amado; você é feliz como eu já o fui em tempos.<br />Você é um homem cuja falta se sentiria. Quanto a mim, não importa.<span style="font-size: small;"> </span>Retrocedamos. Ainda é capaz de adoecer e não quero assumir tal<span style="font-size: small;"> </span>responsabilidade. Além disso, há Luchesi...<br />- Basta! - replicou. - A tosse não é nada, não me vai matar. Não vou morrer<span style="font-size: small;"> </span>por causa da tosse.<br />- Pois decerto que não, pois decerto - respondi -; não é minha intenção alarmá-lo<span style="font-size: small;"> </span>desnecessariamente, mas deve usar de cautela. Um gole deste médoc<span style="font-size: small;"> </span>defender-nos-á da umidade.<br />Quebrei o gargalo de uma garrafa que retirei de uma longa fila de muitas<span style="font-size: small;"> </span>outras iguais que jaziam no bolor.<br />- Beba - disse, apresentando-lhe o vinho.<br />Levou-o aos lábios, olhando-me de soslaio. Fez uma pausa e abanou a cabeça significativamente, enquanto os guizos tilintavam.<br />- Bebo - disse - aos mortos que repousam à nossa volta.<br />- E eu para que você viva muito.<br />Novamente me tomou pelo braço e prosseguimos.<br />- Estas catacumbas são enormes - disse ele.<br />- Os Montresors - respondi - constituíam uma família grande e numerosa.<br />- Não me lembro do vosso brasão.<br />- Um enorme pé humano, de ouro, em campo azul; o pé esmaga uma serpente<span style="font-size: small;"> </span>rampante cujas presas estão ferradas no calcanhar.<br />- E a divisa?<br />- Nemo me impune lacessit. <br />- Ótimo! - disse ele.<br />O vinho brilhava no seu olhar e os guizos tilintavam. A minha própria<span style="font-size: small;"> </span>disposição melhorara com o médoc. Tinha passado por entre paredes de ossos<span style="font-size: small;"> </span>empilhados, à mistura com barris e pipos, nos mais recônditos escaninhos das<span style="font-size: small;"> </span>catacumbas. Parei novamente e desta vez fiz questão de segurar Fortunato por<br />um braço, acima do cotovelo.<br />- Salitre! - disse eu -, veja como aumenta. Parece musgo nas abóbadas.<br />Estamos sob o leito do rio. As gotas de umidade escorrem por entre os ossos.<br />Venha, vamo-nos embora que já é muito tarde. A sua tosse...<br />- Não faz mal - retorquiu -, continuaremos. Antes, porém, mais um trago de<span style="font-size: small;"> </span>médoc.<br />Abri e passei-lhe uma garrafa de De Grâve. Despejou-a de um trago. Os olhos<span style="font-size: small;"> </span>brilharam-lhe com um fulgor feroz. Riu e atirou a garrafa ao ar, com uns<span style="font-size: small;"> </span>gestos que não entendi. Olhei-o surpreso. Repetiu o movimento grotesco.<br />- Não compreende?<br />- Não, não compreendo - respondi.<br />- Então não pertence à irmandade.<br />- Como?<br />- Quero eu dizer que não pertence à Maçonaria.<br />- Sim, sim - disse -, sim, pertenço.<br />- Você? Impossível! Um maçon?<br />- Sim, um maçon - respondi.<br />- Um sinal - disse ele.<br />- Aqui o tem - retorqui, mostrando uma colher de pedreiro que retirei das<span style="font-size: small;"> </span>dobras do meu roquelaire.<br />- Está a brincar - exclamou, recuando alguns passos. - Mas vamos lá ao<span style="font-size: small;"> </span>amontillado.<br />- Assim seja - disse eu, tornando a colocar a ferramenta sob a capa e tornando<span style="font-size: small;"> </span>a oferecer-lhe o meu braço.<span style="font-size: small;"> </span>Apoiou-se nele pesadamente. Continuamos o nosso caminho em procura do<span style="font-size: small;"> </span>amontillado. Passamos por uma série de arcos baixos, descemos, atravessamos<span style="font-size: small;"> </span>outros, descemos novamente e chegamos a uma profunda cripta na qual a<span style="font-size: small;"> </span>rarefação do ar fazia com que os archotes reluzissem em vez de arderem em<br />chama.<br />No ponto mais afastado da cripta havia uma outra cripta menos espaçosa. As<span style="font-size: small;"> </span>paredes tinham sido forradas com despojos humanos, empilhados até à<span style="font-size: small;"> </span>abóbada, à maneira das grandes catacumbas de Paris. Três das paredes desta<span style="font-size: small;"> </span>cripta interior estavam ainda ornamentadas desta maneira. Na quarta parede,<span style="font-size: small;"> </span>os ossos tinham sido derrubados e jaziam<span style="font-size: small;"> </span>promiscuamente no solo, formando<span style="font-size: small;"> </span>num ponto um montículo de certo vulto. Nessa parede assim exposta pela<span style="font-size: small;"> </span>remoção dos ossos, percebia-se um recesso ainda mais recôndito, com um<br />metro e vinte centímetros de fundo, noventa centímetros de largo e um metro e<span style="font-size: small;"> </span>oitenta a dois metros e dez de alto. Parecia não ter sido construído com<span style="font-size: small;"> </span>qualquer fim<span style="font-size: small;"> </span>específico,constituindo apenas o intervalo entre dois dos<br />colossais suportes do tecto das catacumbas, e era limitado, ao fundo, por uma<span style="font-size: small;"> </span>das paredes circundantes em granito sólido.<br />Foi em vão que Fortunato, levantando o seu tíbio archote, tentou sondar a<span style="font-size: small;"> </span>profundidade do recesso. A enfraquecida luz não nos permitia ver-lhe o fim.<br />- Continue - disse eu -, o amontillado está aí dentro. Quanto a Luchesi...<br />- É um ignorante - interrompeu o meu amigo, enquanto avançava, vacilante,<span style="font-size: small;"> </span>seguido por mim.<br />Num instante atingira o extremo do nicho, e vendo que não podia continuar<span style="font-size: small;"> </span>por causa da rocha, ficou estupidamente desorientado. Um momento mais e<span style="font-size: small;"> </span>tinha-o agrilhoado ao granito. Havia na parede dois grampos de ferro,<span style="font-size: small;"> </span>distantes um do outro, na horizontal, cerca de sessenta centímetros. De um<br />deles pendia uma pequena corrente e do outro um cadeado. Lançar-lhe a<span style="font-size: small;"> </span>corrente em volta da cintura e fechá-la foi obra de poucos segundos. Ficara<span style="font-size: small;"> </span>demasiado surpreendido para oferecer resistência. Retirei a chave e recuei.<br />- Passe a mão pela parede - disse eu. - Não deixará de sentir o salitre. Na<span style="font-size: small;"> </span>realidade está muito úmido. Mais uma vez lhe suplico que nos retiremos. Não<span style="font-size: small;"> </span>lhe convém? Nesse caso, tenho realmente de o deixar. Mas, primeiro, quero<span style="font-size: small;"> </span>prestar-lhe todas as pequenas atenções ao meu alcance.<br />- O amontillado! - berrou o meu amigo, que se não recompusera ainda do<span style="font-size: small;"> </span>espanto em que se encontrava.<br />- É verdade - respondi. - O amontillado.<br />Ao dizer isto, pus-me a procurar com todo o afã por entre as pilhas de ossos de<span style="font-size: small;"> </span>que já falei. Atirando com eles para o lado, pus a descoberto uma quantidade<span style="font-size: small;"> </span>de pedras e argamassa. Com estes materiais e com a ajuda da minha trolha,<span style="font-size: small;"> </span>comecei a entaipar com todo o vigor a entrada do nicho.<br />Mal tinha colocado a primeira fiada de pedras quando descobri que a<span style="font-size: small;"> </span>embriaguez de Fortunato tinha em grande parte desaparecido. A este respeito,<span style="font-size: small;"> </span>o primeiro indício foi-me dado por um longo gemido vindo da profundidade<span style="font-size: small;"> </span>do recesso. Não era o gemido de um ébrio. Sucedeu-se um prolongado e<span style="font-size: small;"> </span>obstinado silêncio. Pus a segunda fiada de pedras, a terceira e a quarta. Em<span style="font-size: small;"> </span>seguida ouvi as vibrações furiosas da corrente. O ruído prolongou-se por<span style="font-size: small;"> </span>alguns minutos, durante os quais, para me ser possível ouvi-lo com maior<span style="font-size: small;"> </span>satisfação, suspendi a minha tarefa e sentei-me no montículo de ossos.<span style="font-size: small;"> </span>Quando finalmente cessou o tilintar, retomei a trolha e completei sem<br />interrupção a quinta, a sexta e a sétima fiadas. A parede estava agora quase ao<span style="font-size: small;"> </span>nível do meu peito. Parei novamente e, elevando o archote acima do parapeito,<span style="font-size: small;"> </span>fiz incidir alguns raios de luz sobre a figura que lá estava dentro.<span style="font-size: small;"> </span>Uma sucessão de gritos altos e agudos, irrompendo de súbito da garganta da<br />figura agrilhoada, quase me atirou violentamente para trás. Por um breve<span style="font-size: small;"> </span>momento hesitei, tremi. Desembainhei o florete e com ele comecei a tatear o<span style="font-size: small;"> </span>recesso, mas bastou pensar um momento para voltar a sentir-me seguro.<span style="font-size: small;"> </span>Coloquei a mão sobre a sólida construção das catacumbas e fiquei satisfeito.<br />Tornei a aproximar-me da parede. Respondi aos gritos daquele que clamava.<span style="font-size: small;"> </span>Repeti-os como um eco, juntei-me a eles,<span style="font-size: small;"> </span>ultrapassei-os em volume e força.<br />Depois disto, o outro sossegou.<span style="font-size: small;"> </span>Era agora meia-noite e a minha tarefa aproximava-se do fim. Completara já a<br />oitava, a nona e a décima fiadas. Tinha acabado uma porção da décima<span style="font-size: small;"> </span>primeira e última; faltava apenas colocar e fixar uma pequena pedra. Lutava<span style="font-size: small;"> </span>com o seu peso; coloquei-a parcialmente na posição que lhe cabia. Soltou-se<span style="font-size: small;"> e</span>ntão do nicho um riso abafado que me arrepiou os cabelos. Seguiu-se uma<span style="font-size: small;"> </span>voz triste que tive dificuldade em reconhecer como sendo a do nobre<br />Fortunato. Dizia aquela voz:<br />- Ah!, ah!, ah!, eh!, eh!, boa piada, de fato, excelente gracejo. Havemos de rir<span style="font-size: small;"> </span>bastante acerca disto, lá no palácio, eh!, eh!, eh!, acerca do nosso vinho, eh!,eh!, eh!<br />- O amontillado? - disse eu.<br />- Eh!, eh!, eh!, eh!, eh!, eh!, sim, o amontillado. Mas não estará a fazer-se<span style="font-size: small;"> </span>tarde? Não estarão à nossa espera no palácio lady Fortunato e os convidados?<br />Vamo-nos embora.<br />- Sim - disse eu -, vamo-nos.<br />- Pelo amor de Deus, Montresor!<br />- Sim - disse eu -, pelo amor de Deus!<br />Em vão esperei uma resposta a estas palavras. Comecei a ficar impaciente.Chamei em voz alta:<br />- Fortunato!<br />Não obtive resposta. Chamei novamente:<br />- Fortunato!<br />Continuei sem resposta. Meti um archote pela pequena abertura e deixei-o cair<span style="font-size: small;"> </span>lá dentro. Em resposta ouvi apenas um tilintar de guizos. Senti o coração<span style="font-size: small;"> </span>oprimido, dada a forte umidade das catacumbas. Apressei-me a pôr fim à<span style="font-size: small;"> </span>minha tarefa. Forcei a última pedra no buraco, e fixei-a com a argamassa. De<span style="font-size: small;"> </span>encontro a esta nova parede tornei a colocar a velha muralha de ossos. Durante<span style="font-size: small;"> </span>meio século nenhum mortal os perturbou. In pace requiescat! </span></span><br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: inherit;">Edgar Allan Poe </span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: x-small;">The Cask of Amontillado 1946</span> </span></span>Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-42409253068683457972013-02-13T20:22:00.002-02:002013-02-13T20:25:41.250-02:00O Necromante – Capitulo 2<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:RelyOnVML/>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<h2 class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit; font-size: large;">Viagem à Núbia</span></span></h2>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Hoje é dia 16 de Julho 1907.Após vários dias viajando por
terra e mar, estamos próximo ao nosso destino. Ainda na Inglaterra, Donovam me
apresentou aos três cavalheiros que nos acompanharão em nossa aventura. Dr.
James Fillins, arqueólogo profissional especialista em cultura Kush; o senhor
Abduk Massat, um egípcio naturalizado inglês que será nosso guia local e Paul
Marsh, um rapaz recém-formado em arqueologia que está acompanhando James e vai nos
ajudar com os equipamentos.</span></span></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Despedi-me de minha amada Dora e
de seu sobrinho Ricardo no porto de Dover e atravessamos o estreito até Calais,
no norte da França. Ricardo é o único filho da irmã mais velha de Dora, um
garoto de 12 anos muito apegado à tia. Eu prometi a ele que traria alguns
presentes especiais caso ele se comportasse bem e o garoto ficou
empolgadíssimo. Atravessamos toda a França até o porto de Marselha nas margens
do Mediterrâneo, onde embarcamos em um navio com destino a Argel, na Tunísia.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Massat nos explicou que a parte mais cansativa de
nossa viagem começará quando desembarcarmos no continente Africano. De Argel
até nosso destino em Dongola, no Sudão iremos enfrentar uma verdadeira
odisseia, pois as estradas são precárias e a linhas de trem, quando existem,
não desenvolvem mais que quarent<span style="font-size: small;">a</span> quilômetros por hora. Também enfrentaremos
muitos contratempos com a burocracia para se atravessar as fronteiras até
chegarmos ao Sudão<span style="font-size: small;">.S</span>em falar no martírio que será nos adaptarmos ao calor
sufocante do deserto e suas noites geladas.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Ao longo dessa viagem tivemos
varias conversas calorosas com o senhor Fillins , que se prontificou a explicar vários pormenores
da cultura Kush. A civilização se desenvolveu na região conhecida como <span style="font-size: small;">Núbia</span>,
onde hoje fica parte do território do Egito e do Sudão.O reino floresceu por
volta de 2000 anos antes de Cristo e acredita-se que tiveram estreitos laços
comerciais e culturais com o antigo Egito. Ainda hoje sua cultura ainda é pouco
conhecida, pois as suas <span style="font-size: small;">ruínas</span> quase não foram escavadas e seu idioma não foi
traduzido.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;">Nosso plano é hospedarmos em uma
pequena vila próxima à cidade Atbara e de lá seguirmos até uma <span style="font-size: small;">ruína</span> próximo ao
rio. Mau posso conter minha expectativa<span style="font-size: small;"> para <span style="font-size: small;">conhecer <span style="font-size: small;">os tesouros <span style="font-size: small;">arqueológicos</span> <span style="font-size: small;">que nos aguardam.</span></span></span></span></span></span></div>
<br />Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-2175683324319050122013-02-06T16:53:00.000-02:002013-02-16T17:13:17.922-02:00O Depoimento de Randolph Carter - H.P. Lovecraft<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">A historia a seguir é do autor <span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">americano</span> H.P. Lovecraft<span style="font-size: small;"> (1890-1937<span style="font-size: small;">), um dos maiores contistas de <span style="font-size: small;">terror</span> do século XX.Lovecr<span style="font-size: small;">aft <span style="font-size: small;">ficou muito con<span style="font-size: small;">hecido p<span style="font-size: small;">or <span style="font-size: small;">ter desenvolvido<span style="font-size: small;"> toda uma mitologia envolvendo deuses monstruosos vindo de outras <span style="font-size: small;">dimensões, <span style="font-size: small;">denominados "<span style="font-size: small;">Os Antigos<span style="font-size: small;">"</span> e seu conto mais famoso é "O <span style="font-size: small;">C</span>hamado de </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span id="taw" style="margin-right: 0;"><span style="font-size: small;">Cthulhu</span></span></span></span></span>". Suas obras influenciar<span style="font-size: small;">am <span style="font-size: small;">vários autores de re<span style="font-size: small;">nome internacional, como <span style="font-size: small;">Stephen King<span style="font-size: small;">,Ray Bradbury e <span style="font-size: small;">Neil</span> Gaiman, entre outros.<span style="font-size: small;">Co<span style="font-size: small;">n<span style="font-size: small;">sidero este conto em particular<span style="font-size: small;">, uma <span style="font-size: small;"><span style="font-size: small;">ótima</span></span> leitura para quem não conhece ou conhece pouco a obra de Lovecraft<span style="font-size: small;">, pois independe d<span style="font-size: small;">o conhecimento de outr<span style="font-size: small;">os contos<span style="font-size: small;"> para se situar em s<span style="font-size: small;">eu universo ficcional.Boa leitura.</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<br />
<br />
<a name='more'></a><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Mais uma vez afirmo: não sei o que é de Harley Warren,
embora acredite – quase espere – que ele se encontre em oblívio
pacífico, se é que existe em algum lugar coisa tão bem-aventurada. É
verdade que fui por cinco anos seu amigo mais íntimo, e que partilhei em
parte de suas terríveis investigações no desconhecido. Não negarei,
embora minha lembrança seja incerta e indistinta, que essa sua
testemunha nos tenha visto juntos como diz, na estrada de Gainsville,
caminhando na direção do pântano do Cipreste Grande, às onze e meia
daquela noite horrenda. Que levávamos lanternas elétricas, pás e um
curioso rolo de fio ao qual estavam ligados certos instrumentos,
chegarei mesmo a afirmar, pois todas essas coisas tomaram parte na única
e hedionda cena que permanece gravada a fogo em minha memória abalada.
Mas do que se seguiu, e da razão pela qual fui encontrado sozinho e
confuso na orla do pântano na manhã seguinte, devo insistir que nada sei
além do que já lhes relatei vez após outra. Afirmam vocês que nada
existe no pântano ou perto dele que possa compor o cenário daquele
episódio sinistro. Respondo que nada sei além do que vi. Visão ou
pesadelo pode ter sido – e visão ou pesadelo espero ardentemente que
tenha sido, – porém é tudo que minha mente retém do que tomou lugar
naquelas horas chocantes depois que abandonamos a vista dos homens. E
por que Harley Warren não retornou, apenas ele ou o seu espectro – ou
alguma coisa inominável que não posso descrever – podem dizer.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Como já disse antes, os insólitos estudos de Harley Warren eram bem
conhecidos e, até certo ponto, compartilhados por mim. De sua vasta
coleção de livros estranhos e raros sobre assuntos interditos, li todos
os escritos nos idiomas que domino; mas esses são poucos quando
comparados com aqueles em idiomas que não compreendo. A maioria era,
creio, em árabe; e aquele volume de inspiração diabólica que provocou o
fim – o livro que ele carregava em seu bolso quando partiu deste mundo –
estava escrito em caracteres que nunca vi em qualquer outro lugar.
Warren nunca me disse exatamente o que havia naquele livro. Quanto à
natureza de nossos estudos – será preciso dizer que não retenho mais
deles compreensão completa? Parece-me misericordioso que seja assim,
pois eram estudos terríveis, que eu perseguia mais por relutante
fascínio do que por inclinação verdadeira. Warren sempre me dominou, e
algumas vezes eu o temia. Lembro como tremi diante de sua expressão
facial na noite anterior ao horrível acontecimento, enquanto ele falava
incessantemente sobre a sua teoria: por que certos cadáveres nunca se
decompõem, mas permanecem firmes e intactos em suas tumbas por mil anos.
Mas eu não o temo agora, pois suspeito que ele tenha conhecido horrores
além do meu alcance. Agora temo por ele.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Afirmo mais uma vez que não tenho nenhuma idéia clara do nosso
objetivo naquela noite. Por certo tinha muita relação com o livro que
Warren carregava consigo – aquilo livro antiqüíssimo em caracteres
indecifráveis que havia chegado para ele da Índia um mês antes, – mas
juro que não sei o que esperávamos encontrar. A sua testemunha diz que
nos viu onze e meia na estrada de Gainsvilee, rumando ao pântano do
Cipreste Grande. Isso é provavelmente verdade, embora eu não tenho
recordação distinta disso. A imagem cauterizada na minha alma é de uma
cena apenas, e deve ter sido bem depois da meia-noite, pois o arco da
lua minguante estava alto no céu vaporoso.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">O lugar era um cemitério antiqüíssimo; tão antigo que estremeci
diante dos inúmeros sinais de tempos imemoriais. Era uma depressão
profunda e úmida, coberta de mato alto, musgo e curiosas trepadeiras
daninhas, e permeada de um vago fedor que minha imaginação ociosa
associou, absurdamente, a pedra apodrecida. Em cada direção havia sinais
de abandono e decrepitude, e eu parecia assombrado pela noção de que
Warren e eu éramos as primeiras criaturas vivas a invadir um silêncio
letal de séculos. Sobre a orla do vale um arco pálido de lua espiava
através dos fétidos vapores que pareciam emanar de não-vistas
catacumbas, e com a ajuda de seus raios débeis e hesitantes pude
distinguir uma repelente formação de antigas lajes, urnas, cenotáfios e
fachadas de mausoléus: todos esboroantes, cobertos de musgo e manchados
de umidade, e parcialmente ocultos pela repulsiva exuberância de
vegetação insalubre.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Minha primeira impressão vívida da minha própria presença nessa
terrível necrópole diz respeito ao ato de parar com Warren diante de um
sepulcro semi-obliterado e de depositar no chão certos fardos que
parecíamos estar carregando. Eu agora observava que trazia comigo uma
lanterna elétrica e duas pás, enquanto meu amigo estava suprido de uma
lanterna similar e de uma unidade telefônica portátil. Nenhuma palavra
foi pronunciada, pois o local e a tarefa nos pareciam conhecidos; e sem
demora empunhamos nossas pás e começamos e limpar a grama, as ervas
daninhas e e a terra solta de sobre o arcaica sepultura. Depois de
descobrir por completo a superfície, que consistia de três imensas lajes
de granito, recuamos a alguma distância para escrutinar aquela cena
macabra, enquanto Warren parecia fazer alguns cálculos mentais. Ele
voltou em seguida ao sepulcro e, usando sua pá como alavanca, tentou
levantar à força a laje que jazia mais próxima a certa ruína de pedra
que podia ter sido, em seu próprio tempo, um monumento. Quando não
conseguiu, fez sinal que eu viesse ajudá-lo. Finalmente, nossa força
combinada desalojou a pedra, que erguemos e deixamos de lado.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">A remoção da laje revelou uma abertura negra, da qual precipitou-se
uma efluência de gases miasmáticos tão nauseante que recuamos em horror.
Depois de um intervalo, no entanto, aproximamo-nos novamente da cova, e
achamos a exalação menos intolerável. Nossas lanternas revelaram o topo
de uma escadaria de pedra, da qual gotejava alguma detestável exsudação
licorosa do coração da terra e era ladeada por muros umedecidos
incrustrados de nitrato. E agora pela primeira vez minha memória
registra discurso verbal, Warren dirigindo-se longamente a mim em sua
voz melodiosa de tenor; uma voz notavelmente não afetada pelo ambiente
medonho que nos cercava.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Sinto ter de pedir que você fique na superfície – ele disse, – mas
seria um crime permitir que qualquer pessoa de nervos frágeis descesse
ali. Você não tem como imaginar, nem mesmo pelo que leu e pelo que eu
lhe falei, as coisas que terei de ver e fazer. É uma tarefa horrenda,
Carter, e duvido que qualquer homem sem uma sensibilidade de ferro
poderia desincumbir-se dela e sair vivo e são. Meu desejo não é
ofendê-lo, e os céus sabem a satisfação que seria tê-lo comigo; mas a
responsabilidade é num certo sentido minha, e eu não poderia arrastar um
feixe de nervos como você rumo à provável morte ou loucura. Eu lhe
digo, você não tem como imaginar como a coisa realmente é! Mas eu
prometo mantê-lo informado pelo telefone de cada movimento: você vê que
tenho fio suficiente para chegar até o centro da terra e voltar!</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Ainda posso ouvir, na lembrança, essas palavras faladas com
serenidade; e posso ainda recordar meus protestos. Eu parecia
desesperadamente ansioso por acompanhar meu amigo para dentro daquelas
profundezas sepulcrais, porém ele provou-se inflexivelmente obstinado.
Em determinado momento ele ameaçou abandonar a expedição se eu
continuasse insistindo, ameaça que mostrou-se efetiva, visto que apenas
ele possuía a chave da coisa. Tudo isso posso ainda recordar, embora não
mais conheça a natureza da coisa que buscávamos. Depois de obter minha
relutante aquiescência com seu propósito, Warren pegou o rolo do fio e
ajustou os instrumentos. A um aceno seu eu peguei um desses últimos e
sentei-me sobre uma lápide decrépita e descolorida junto da abertura
recém aberta. Ele então apertou-me a mão, alçou o rolo de fio sobre os
ombros e desapareceu dentro daquele indescritível ossuário.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Por um minuto acompanhei o brilho da sua lanterna e ouvi o rumorejar
do fio enquanto ele o depositava atrás de si; mas o brilho logo
desapareceu abruptamente, como se uma curva na escadaria de pedra
tivesse sido alcançada, e o som morreu com quase a mesma rapidez. Eu
estava sozinho, porém ao mesmo tempo ligado a profundezas desconhecidas
pelos filamentos mágicos cuja superfície encapada jazia verde sob os
moribundos raios daquele arco de lua minguante.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Eu consultava incessantemente o relógio na luz da minha lanterna
elétrica, e auscultava com ardente ansiedade o receptor do telefone; mas
por mais de um quarto de hora nada ouvi. Então o instrumenteo produziu
um estalo débil, e chamei meu amigo em voz tensa. Apreensivo como me
encontrava, eu não estava de modo algum preparado para as palavras que
subiram daquela catacumba sinistra em inflexões mais alarmadas e
agitadas do que qualquer uma que já tivesse ouvido de Harley Warren.
Ele, que havia me deixado tão calmamente há poucos momentos, chamava
agora das profundezas num sussurro alterado mais agourento do que o
grito mais agudo:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Deus! Se você pudesse ver o que estou vendo!</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Não consegui responder. Sem fala, só conseguia esperar. Vieram em seguida as inflexões frenéticas novamente:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Carter, é terrível… monstruoso… inacreditável!</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Desta vez a voz não me falhou, e despejei no transmissor uma
enxurrada de perguntas exaltadas. Aterrorizado, repetia continuadamente:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Warren, o que é? O que é?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Mais uma vez veio a voz do meu amigo, ainda rouca de temor, e agora aparentemente com um quê de desespero.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Não posso contar, Carter! É inconcebível demais… não ouso lhe
contar… nenhum homem poderia saber e viver… Santo Deus! Eu nunca sonhei
com isso!</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Silêncio novamente, exceto por minha agora incoerente torrente de
inquirições tiritantes. Então a voz de Warren num timbre da mais
selvagem consternação:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Carter, pelo amor de Deus, coloque de volta a laje e saia disso
enquanto pode! Rápido; largue todo o resto e corra para fora… é a sua
única chance! Faça como estou dizendo, e não me peça para explicar!</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Eu ouvi, porém era capaz apenas de repetir minhas perguntas
frenéticas. Ao redor de mim estavam as tumbas e a escuridão e as
sombras; abaixo de mim, algum perigo além do alcance da imaginação
humana. Mas meu amigo estava em perigo maior do que eu, e permeando meu
temor senti um vago ressentimento de que ele pudesse me considerar capaz
de desertá-lo em tais circunstâncias. Mais estalos, e depois de uma
pausa um berro queixoso de Warren:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Caia fora! Pelo amor de Deus, coloque a laje de volta e caia fora, Carter!</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Algo na gíria infantil do meu companheiro, tão claramente alterado, despertou minhas faculdades. Formei e berrei uma resolução:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Warren, agüente firme! Estou descendo!</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Mas diante dessa oferta o tom do meu ouvinte desfigurou-se num grito de completo desespero:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Não! Você não entende! É tarde demais; e por minha própria culpa.
Coloque a laje de volta e corra; não há mais nada que você nem ninguém
possam fazer!</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">A entonação mudou novamente, adquirindo desta vez uma qualidade mais
serena, como que de desesperançada resignação. Ela porém permanecia
tensa de preocupação por mim.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Rápido; antes que seja tarde!</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Tentei não dar ouvidos a ele; tentei quebrar a paralisia que me
prendia e cumprir meu voto de descer em seu auxílio. Mas seu sussurro
seguinte encontrou-me ainda inerte nas cadeias do absoluto horror.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Carter; apresse-se! Não adianta; você tem de ir; melhor um do que dois; a laje…</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Uma pausa, mais estalos, então a voz débil de Warren:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Quase terminado agora; não torne isso mais difícil; cubra esses
degraus malditos e corra para salvar a pele; você está perdendo tempo;
adeus, Carter; não vou vê-lo novamente.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Aqui o sussurro de Warren transformou-se num grito, grito que
gradualmente elevou-se a berro carregado com o horror de todas as eras:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Malditas coisas infernais! Legiões! Meu Deus! Caia fora! Caia fora! CAIA FORA!</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">E em seguida, silêncio. Desconheço por quantos éons intermináveis
permaneci sentado, estupefato; sussurrando, balbuciando, chamando,
berrando naquele telefone. Vez após outra ao longo desses éons eu
sussurrei e balbuciei, chamei, gritei e berrei:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Warren! Warren! Responda; você está aí?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">E então me sobreveio a culminação absoluta do horror – a coisa
inacreditável, impensável, quase imencionável. Eu disse que éons
pareciam ter passado desde que Warren berrara sua última advertência
desesperada, e que apenas meus próprios gritos quebravam o hediondo
silêncio. Mas depois de um intervalo houve estalos adicionais no
receptor, e concentrei meus ouvidos para escutar. Chamei novamente:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Warren, você está aí?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">E em resposta ouvi a coisa que trouxe esta nuvem sobre minha mente.
Não tentarei, cavalheiros, explicar aquela coisa, aquela voz, nem me
aventurarei a descrevê-la em detalhe, visto que as primeiras palavras me
roubaram a consciência e criaram um vazio mental que estende-se até o
momento em que acordei no hospital. Direi que a voz era profunda? Cava?
Gelatinosa? Remota? Espectral? Inumana? Desencarnada? Que direi? Foi o
fim da minha experiência, e é o fim da minha história. Eu a ouvi e de
nada mais sei; ouvi-a sentado, petrificado, naquele cemitério
desconhecido dentro daquela depressão, por entre pedras esboroantes e
tumbas arruinadas, a vegetação insalubre e os vapores miasmáticos;
ouvi-a subindo das profundezas mais interiores daquele maldito sepulcro
aberto enquanto observava as sombras amorfas e necrófagas dançarem
debaixo daquela amaldiçoada lua minguante.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">E o que ela disse foi:</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">
</span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">– Idiota, Warren está MORTO!</span></span><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><small>H. P. Lovecraft<br />Escrito em 1919 e publicado em maio de 1920 em <i>The Vagrant</i></small> </span></span><br />
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="font-size: xx-small;">Tradução de <a href="http://www.baciadasalmas.com/2006/o-depoimento-de-randolph-carter/" target="_blank">Paulo Brabo</a></span> </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="border-bottom: 1px solid #333; color: #a50029; font-family: verdana, arial, sans-serif; font-size: 11px; letter-spacing: 3px; line-height: 1.2em; padding-bottom: 12px; padding-top: 0px; text-transform: uppercase;"></span> </span></span>Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-11072920156997505002013-01-30T19:35:00.002-02:002013-02-16T17:14:35.795-02:00Dark Vessel - Um curta de terror com robôs<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Este curta escrito e dirigido por Rocku Curby, conta uma historia de vingança e terror envolvendo robôs.Nem por isso as cenas de violência se tornam menos impactantes.A arte é de Tapio Liukkonen e as vozes são de Ed Mace e Tim Simmons.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/CkI9L23vxbI" width="560"></iframe></span><br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: xx-small;">fonte:<a href="http://www.macacomalandro.com.br/2012/11/dark-vessel.html" target="_blank">macaco malandro</a></span></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span>Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-21396465369809408902013-01-29T19:35:00.000-02:002013-03-20T18:09:47.956-03:00O Jogo do Gênio<div dir="ltr" id="internal-source-marker_0.08393592835819741" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.4shared.com/photo/VmleQRkh/jarro3.html" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" height="320" src="http://dc680.4shared.com/img/VmleQRkh/0.099862343608636/jarro3.jpg" width="212" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><br /></span></span></span>
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Tim
era o dono de um pequeno antiquário no centro da cidade.Não que ele
gostasse de objetos antigos ou coisa assim.Na verdade ele odiava aquele
emprego, como odiaria qualquer outro.Ele era o dono do antiquário
simplesmente porque era uma herança de seu pai, e Tim era preguiçoso e
acomodado demais para buscar outro emprego.</span></span></span></div>
<a name='more'></a><span style="font-size: small;">Tim já se aproximava de seus
quarenta anos e sua vida não passava de um grande vazio sem sentido.Não
havia feito nada de interessante em seu passado e provavelmente não
faria em seu futuro.Seus dias se resumiam a ficar sentado atrás do
balcão jogando no celular e esperando um próximo cliente aparecer.</span><br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Aquela
tarde de terça-feira parecia com todas as outras tardes tediosas que
Tim estava acostumado a ter.Mas aquele dia estava destinado a ser o dia
mais especial em sua vida, pois naquele dia entrou em sua loja o homem
trazendo consigo o jarro.O sujeito era um senhor já idoso usando roupas
estranhas e falava um português muito forçado, denunciando sua origem
estrangeira.Ele entrou no antiquário levado pela esperança de conseguir
algum trocado no jarro de cerâmica, que jurava ser muito antigo e
valioso.Disse que estava em uma situação difícil e precisava, muito a
contragosto se desfazer dos bens supérfluos de sua casa.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Tim
olhou aquele jarro sem muito interesse, acreditando se tratar de apenas
mais uma falsificação chinesa barata que lhe tentavam vender todos os
dias.Mas o vaso era bonito e muito bem decorado,tinha de admitir.Então
ele ofereceu dez reais pela peça.O estrangeiro insistiu que o vaso valia
mais, muito mais.Alegou que se tratava de uma peça de valor histórico e
que Tim poderia conseguir um bom preço na revenda.Mas o máximo que Tim
ofereceu por ele, depois de muita barganha, foi vinte reais.O homem,
aceitou os vinte reais,visivelmente contrariado e se foi.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">A
verdade é que aquela peça era realmente muito antiga.Mais antiga do que
Tim poderia sequer imaginar.Dois mil, quinhentos e vinte e seis anos
para ser exato.Mas Tim nunca descobriria e venderia o jarro como
falsificação chinesa se não fosse uma sujeira grudada no fundo.Uma
pequena mancha de barro amarelo que só era visível se olhasse bem de
perto.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Então
Tim pegou um pano molhado e se pôs a limpar.Quando a mancha sumiu o
jarro começou a expelir fumaça pela boca.Uma fumaça que saia em grande
quantidade e encheu toda a loja em pouco tempo.Tim tossiu e praguejou o
estrangeiro pensando se tratar de uma brincadeira de mau gosto.Mas
quando a fumaça baixou ele pode ver que havia um homem frente ao seu
balcão.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">O homem usava roupas ainda mais estranhas que o estrangeiro e falou algumas palavras que Tim não conseguir entender.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Não entendo sua língua.-Disse Tim.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Serifh,
o gênio ao seu dispor.-Falou o homem.- Me perdoe por falar em meu
idioma natal , mais não sabia em qual pais estava.É difícil acompanhar
as viagem dentro de um jarro.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Só me faltava essa.-Respondeu Tim.- Se não veio comprar nada, apenas tirar onda com minha cara, pode ir embora.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Não
sei o que significa a expressão “tirar onda com minha cara” meu senhor,
mas não posso ir embora sem antes realizar três desejos seu.Esta é
minha obrigação e eu devo cumpri-la, para só assim ter minha
liberdade.Esfregue o jarro com força e faça seu pedido.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Tim
não estava convencido de que o estranho visitante era um gênio, mas não
custava nada fazer um desejo, então ele esfregou o jarro e pediu:</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Tudo bem.Então eu quero dez milhões de reais em minha conta.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Desejo realizado.- disse Serif.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Tim
acessou a internet através de seu celular e confirmou.Sua conta, que
sempre estivera no vermelho, agora apresentava tantos zeros que ele teve
preguiça de contar.Seu coração começou a palpitar de alegria e
surpresa.Então era verdade, ele tinha tirado a sorte grande de encontrar
um gênio como os de contos de fadas.Era tudo que ele podia sonhar.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Sabe,
na verdade eu nem sempre fui um gênio. - Comentou Serifh. - Eu era um
mercador nômade.Mas um dia me apaixonei pela pessoa errada. A mulher que
eu amava era filha de um poderoso feiticeiro e ele não queria que <span style="font-size: small;">casasse-nos</span>.Então ele me amaldiçoou e me prendeu neste jarro.Apenas
quando alguém descobrisse como me libertar e eu realizar os três desejos
dessa pessoa eu seria livre novamente.Desde então eu aguardo
pacientemente preso neste <span style="font-size: small;">jarro</span>.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Tim não ouviu uma palavra sequer, pois estava muito entretido com seus pensamentos.Então ele esfregou o jarro novamente e pediu:</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Desejo uma mansão. </span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Desejo realizado. - Disse o gênio.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Uma nuvem de fumaça tomou conta da loja e quando baixou, os dois estavam dentro de uma enorme e luxuosa mansão.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Tim novamente ficou maravilhado com aquela poderosa magica e de como sua vida tinha mudado.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Pois bem.-disse Serifh - Resta a você mais um desejo.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Tim esfregou o jarro outra vez e pediu:</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Quero mais três desejos.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Miserável!
Filho de uma cabra, pensou Serifh.Aquilo era uma maldita trapaça.Mas
ele não poderia fazer nada a não ser realizar o desejo.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Desejo realizado.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Os
dias se passaram e Tim não cansava de desejar coisas e mais
coisas.Quando seus desejos estavam para se esgotar, ele vinha com seu
truque e pedia mais desejos.Pedia de um iate a um copo de suco.Coisa
caras e porcarias sem valor.Aqueles dias junto a Tim estavam sendo para
Serifh mais cansativos do que os milênios aguardando preso no
jarro.Serifh passou a cultivar um ódio mortal por Tim como nunca sentira
por ninguém.Mas nada podia fazer a não ser obedecer, preso pelo
feitiço.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">O
que mais incomodava Serifh, era ver o quanto Tim era preguiçoso.Se ele
precisava se secar após o banho, ele fazia um desejo.Se ele queria um
copo d’<span style="font-size: small;">á</span>gua, ele fazia um desejo.Tudo era motivo para um desejo.Um dia
Serifh notou que poderia usar a preguiça de Tim a seu favor.Então ele
propôs.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Querido amo.Vejo como deve ser chato toda vez que você quer fazer um desejo, ter que esfregar este jarro.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-É verdade.- concordou Tim.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Pense que bom seria se você pudesse realizar desejos sem esfregar o jarro.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-E isto é possível?</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-É claro.Basta você desejar.Deseje poder realizar desejos sem esfregar o jarro.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">E assim Tim fez.Ele esfregou o jarro e desejou:</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Eu quero realizar desejos sem esfregar o jarro.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Desejo realizado.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Em
um passe de magica Tim desapareceu de onde estava e apareceu dentro do
jarro.Serifh colocou o jarro em cima de uma mesa e saiu pela porta.Livre
da maldição de ser um gênio e livre de Tim.</span></span></span></div>
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span></span></span>Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-46257447248327669022013-01-26T10:30:00.000-02:002013-02-16T17:15:21.114-02:00Excelente Curta NacionalOi gente.Hoje encontrei esse vídeo no Youtube de um curta brasileiro chamado "Os Anjos no Meio da Praça". Para aqueles que como, eu não tinham visto ainda, vale a pena conferir.É simplesmente uma obra prima.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/cs5C5MdAIuM" width="560"></iframe><br />
<br />
<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
Segue a ficha técnica.<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">Sinopse: Uma fábula sobre anjos caídos, sonhos esquecidos, e um menino.<br /><br />Prêmios: <br /><br />• Prêmio especial do júri oficial -XXXVIII Festival de cinema de Gramado -- RS<br />• Melhor Direção e Melhor Curta-Metragem -- IV Brazilian Film Festival of Toronto -- Canadá.<br />• Melhor Video de Animação - XIV FAM - Florianópolis Audiovisual Mercosul<br />• Melhor Curta - II Festival de Itapetinga<br />• Melhor Filme de Animação - Festival Locomotiva 2010<br />• Melhor curta-metragem nacional de animação -- VI Fantaspoa - RS <br />• Melhor filme mostra teen --VIII FICI<br />• Melhor Música - Festival Locomotiva 2010<br />• Melhor Curta Metragem de Animação - Festival de Cinema de Maringá<br />• Melhor Direção (Animação) - Festival de Cinema de Maringá<br />• Melhor Roteiro (Animação) - Festival de Cinema de Maringá<br />• Melhor Música (Animação) - Festival de Cinema de Maringá<br />• Melhor Cenário (Animação) - Festival de Cinema de Maringá<br />• Melhor Personagem (Animação) - Festival de Cinema de Maringá<br />• Menção Honrosa - I Curta Amazônia 2010<br /><br />Seleção Oficial:<br />• Anima Mundi 2010<br />• Festival Guarnicê de cinema -- MA<br />• V mostra de cinema de Ouro Preto -- MG<br />• V Cine Fantasy -- Festival curta fantástico<br />• VI Mostra Mosca -- Cambuquira -- MG<br />• XIII Fenart -- PA<br />• X Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe<br /><br />Realização: Ministério da Cultura / Secretaria do Audiovisual<br />Produção: Buba Filmes<br />Roteiro e Direção: Alê Camargo & Camila Carrossine<br />Argumento: Alê Camargo<br />Direção de arte / Desenho de produção: Alê Camargo & Camila Carrossine<br />Desenho de produção adicional /Pintura cenográfica: Fernando Faria<br />Storyboard / Animatic: Alê Camargo & Camila Carrossine<br />Modelagem: Alê Camargo , Camila Carrossine , Fernando Faria , Gustavo Rodrigues<br />Texturização: Alê Camargo & Camila Carrossine<br />Rigging: Alê Camargo, Camila Carrossine , Fernando Faria<br />Animação: Alê Camargo , Camila Carrossine , Diego de Paula , Jonathan Bento , Ricardo Jost , Rodrigo Mendes<br />Iluminação / Render / Composição: Alê Camargo & Camila Carrossine<br />Desenho Sonoro : Maurício Fonteles<br />Assistente de som : Marco Rezende<br />Narração: Ivete Jayme<br />Técnico de som : Cleyton Pereira<br />Estúdio de Dublagem : Luminus Dublagens e Produções<br />Produtora Musical : Opus 10 Produtora<br />Trilha sonora : Rodrigo Domingos<br />Coral: Coral del Chiaro<br />Vozes : Danillo Ferreira, Juliana Damião , Mariza Marzan <br />Trompete: Luciano Melo<br />Flauta : Rodrigo Domingos<br />Captação de áudio : Ricardo Marui<br />Pós - produção : Módulos<br />Direção geral de pós - produção : José Francisco Neto, ABC<br />Supervisão de pós - produção : Giba Yamashiro<br />Correção de cor : Ricardo "Kodo" Odo<br />Edição on line : Henrique Reganatti , Tadeu Parrillo Frede<br />Edição / Finalização: Alê Camargo & Camila Carrossine </span><br />
<br />Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-38907222499481078722013-01-25T20:17:00.001-02:002013-01-25T20:17:33.385-02:00Dica de Leitura - Grafias Noturnas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipcCGl4JQMZA3IcbYZAb8_bB1TmRnyzqw8IofcdjPeb-GSfGfYnE3smW5jkUhh_yOVNpcJNfT4_ZjG2aXz2TZ70FMeC35x79ieKBt4LX2NeUsuE6S908NyEkYQ5ZFximLgrp2zOO-EUxPA/s1600/grafias-noturnas_capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipcCGl4JQMZA3IcbYZAb8_bB1TmRnyzqw8IofcdjPeb-GSfGfYnE3smW5jkUhh_yOVNpcJNfT4_ZjG2aXz2TZ70FMeC35x79ieKBt4LX2NeUsuE6S908NyEkYQ5ZFximLgrp2zOO-EUxPA/s1600/grafias-noturnas_capa.jpg" height="320" width="234" /></a></div>
Quem gosta de literatura fantástica e terror sabe como é difícil encontrar nas livrarias títulos brasileiros neste ramo.Enquanto no exterior, autores como Stephen King e Neil Gaiman lançam um sucesso atrás do outro e, que diga-se de passagem, geram muito lucros para as editoras,sem falar em adaptações para tv, cinema e publicidade, aqui raros autores enveredam por este caminho.<br />
<a name='more'></a>Como sou otimista, acredito que esta cultura está mudando e a tendencia é aparecer mais autores nacionais de destaque, a exemplo do recente sucesso do autor <span class="st">Raphael Draccon, com seus livros </span><span class="st">"Dragões de Eter"</span><br />
<span class="st"> Por este motivo, quando encontramos um bom autor brasileiro de fantasia, devemos valorizar.Um destes autores é </span><br />L.F. Riesemberg, autor do livro Grafias Noturnas.Um livro que reúne vários contos de terror e fantasia da melhor qualidade.E o mais legal de tudo é que ele publicou os contos do livro em seu blog e você pode conferir clicando <a href="http://riesemberg.blogspot.com.br/" target="_blank">aqui</a>.Se você gostar dos contos, adquira o livro como forma de incentivo.A cultura nacional agradece. <br />
<span class="st"><br /></span>
<span class="st"><br /></span>
<span class="st"><br /></span>
<span class="st"><br /></span>
<span class="st"><br /></span>
<br />
<span class="st"> </span><br />
Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-17539460030332610022013-01-23T21:01:00.000-02:002013-02-16T17:15:37.545-02:00O Armario 1313<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span id="internal-source-marker_0.1184280343934746" style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Fevereiro de 1997</span></span></span><br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Era
o inicio de mais um ano letivo. Eu havia terminado o ensino fundamental
no ano anterior e deveria entrar em uma nova escola de ensino médio.
Meus pais haviam me matriculado na mais conceituada escola da cidade.Uma
escola em tempo integral nos moldes americanos. Um detalhe interessante
naquela escola , era a disponibilização de armários para os alunos
guardarem seus materiais escolares.</span></span></span><br />
<a name='more'></a></div>
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=1017747851970741673" name="more"></a><span style="font-size: small;">No primeiro dia de aula cada aluno
deveria escolher entre os armários disponíveis e pegar sua chave.</span><br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Como
eu fui lento ao procurar um bom armário, me sobrou um dos últimos
armários do corredor, o de numero 1312.Coloquei as minhas coisas lá e
não pensei mais no assunto.</span></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /></span></span>
<br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Março de 1997</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Me
lembro que um dia fui procurar um caderno no fundo de meu armário e vi
uns pequenos besouros saindo do armário ao lado do meu.O armário
1313.Aquilo me chamou a atenção pois quem quer que fosse o dono daquele
armário, não devia estar limpando ele direito.Passei então a tentar
descobrir quem era o dono daquele armário.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Passava-se os dias e eu nunca via ninguém abrir o armário.Nem quando começava as aulas, no intervalo ou na saída.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Procurei saber entre os alunos de minha turma, mas ninguém também sabia.Decidi esquecer o assunto.</span></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /></span></span>
<br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Abril de 1997</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Foi
em um dia em que fiquei na escola até mais tarde que o armário 1313
voltou a me despertar curiosidade.Eu precisei ficar na biblioteca
fazendo um trabalho de biologia e quando terminei<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial;">,</span></span> todos os outros alunos
já haviam saído.Na verdade, a escola já estava fechando e foi preciso a <span style="font-size: small;">bibliotecária</span> me pedir para sair.Quando passei pelo corredor dos
armários, vi de longe um menino em frente ao 1313.De onde estava não
consegui ver direito seu rosto e quando me aproximei ele correu em
direção ao banheiro.Fui até o banheiro a sua procura mas não o encontrei
mais.No dia eu não dei bola, mas quando me lembro desta cena, não me
lembro do garoto emitir nenhum som, nem mesmo o de seus passos.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Nesta
época do ano, eu já tinha amigos em outras salas e decidi perguntar aos
alunos do segundo e terceiro ano se eles sabiam quem era o dono do tal
armário.Foi então que alguns alunos me contaram a lenda sobre este
armário.Me disseram que ele era amaldiçoado e por isso ninguém queria
pegar o armário que ficava ao lado, o meu armário.Eles disseram que o
ultimo dono do armário 1313 foi um tal de Marcio B.Garcia, há cinco anos
atrás.O garoto havia desaparecido sem deixar pistas e a policia nunca
descobriu seu paradeiro.A família, muito abalada, decidiu se mudar da
cidade.Desde então aquele armário nunca mais fora aberto.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Eu
nunca fui um garoto medroso.Na verdade era reconhecido entre meus
amigos por ganhar apostas envolvendo medo.Já entrei em cemitério a noite
e fiz todos os rituais que me pediam para fazer, como a Loira do
Banheiro e o <span style="font-size: small;">J</span>ogo do <span style="font-size: small;">C</span>opo, então aquela lenda não me despertou muito
interesse.</span></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Maio de 1997</span></span></span><br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Foi
mais ou menos neste mês que os sonhos começaram.Eu sonhava que estava
na escola sozinho e via o garoto em frente ao armário 1313.Então eu
começava a persegui-lo por toda a escola e nunca o alcançava.Outras
vezes, sonhava com alguma coisa viva dentro do armário, batendo na porta e
tentando sair.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Movido
pela curiosidade, comecei procurar saber a verdade sobre o tal menino
desaparecido e para minha surpresa o caso era real.O caso foi amplamente
noticiado nos jornais da região na época do acontecido.A família do
menino colocou anuncio em vários lugares, oferecendo recompensa para as
pessoas que dessem alguma pista sobre o paradeiro de seu filho, mas o
caso nunca fora solucionado<span style="font-size: small;"> e depois de um tempo, f<span style="font-size: small;">oi arquivado.</span></span></span></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /></span></span>
<br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Junho de 1997</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Novamente
vi alguns besouros saindo do armário 1313.Desta vez eu capturei um e
coloquei em um vidro.<span style="font-size: small;">Entã<span style="font-size: small;">o</span></span> levei até o professor de biologia e perguntei se
ele sabia algo a respeito daquele inseto.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">O professor me disse que era um besouro pertencente a família </span><span style="background-color: transparent; font-style: italic; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Silphidae, </span><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">um
tipo de besouro que come carniça.Depois desse dia meus pesadelos
começaram a ficar piores.Sonhava que eu estava preso em uma caixa
apertada e ninguém podia me ouvir gritar.Outras vezes sonhava que estava
em um velório de um garoto que eu não conhecia e de repente o defunto
abria a boca e começava a pedir socorro.</span></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /></span></span>
<br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Julho de 1997</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Foi
pouco antes das f<span style="font-size: small;">é</span>rias que decidi de vez descobrir o que havia naquele
maldito armário.Consegui um pequeno pé de cabra e escondi em minha
mochila.Fui para a biblioteca e fiquei lá até todos irem embora.Depois
fui até o armário 1313 e com pé de cabra comecei a forçar para
abrir.Com muito custo consegui arrombar a porta do armário e grande foi
meu susto quando vi o conteúdo.Lá estava o corpo mumificado de um
garoto.O Marcio B. Garcia, desaparecido a cinco anos.Seu rosto, mesmo
ressequido, ainda guardava uma terrível expressão de pavor.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">A
historia do menino encontrado no armário se espalhou pela cidade e os
pais dele foram encontrados e avisados<span style="font-size: small;">,</span> podendo enfim, enterrar seu
filho.A autopsia não encontrou nenhum sinal de ferimentos no corpo e a
situação de sua morte permanece um mistério até hoje.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Nunca
mais tive pesadelos envolvendo o armário e, apesar do susto de encontrar
uma múmia em situação tão estranha, me sinto feliz por ter ajudado
alguém<span style="font-size: small;">.M</span>esmo que este alguém já est<span style="font-size: small;">eja</span> morto.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidS-5GkLQwhK41HUR_XrGr0mIdGjRleZcyEOrbT79kL4mwQTBBxo7KrjHwvSVjrU6lijebDs9RArS_-POo-D92c_O4fscAYrbJvJE5BuAhjIs9al0vZDG8X-j3QJn_KNld5q11LncdTqkH/s1600/mumia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidS-5GkLQwhK41HUR_XrGr0mIdGjRleZcyEOrbT79kL4mwQTBBxo7KrjHwvSVjrU6lijebDs9RArS_-POo-D92c_O4fscAYrbJvJE5BuAhjIs9al0vZDG8X-j3QJn_KNld5q11LncdTqkH/s1600/mumia.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: black;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1c7t7z8ar32A31wh8LahQWtljWG1uTdMpkR60wBSsHTjXJ3rC2L2uYXfqDTj8HLOvPN1vzBZXGqvSKecs5ZE-b-99YmVVkC9UnTqsfoKIM9OBrc2A84J99gnKFsCJ2GXK9Kn7JC-ciVMp/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 20.25pt;">
<br /></div>
Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-1442654937386540132013-01-21T15:30:00.001-02:002013-02-16T17:15:53.386-02:00O Diabo na Garrafa - Parte Final<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:RelyOnVML/>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Passei a manha inteira e grande
parte da tarde procurando pelo homem que tinha me entregado aquela maldita
garrafa. Mas como não sabia seu nome completo, o jeito foi procurar por todos
Josés no povoado de Onça. O sol já havia se posto quando encontrei o lugar onde
ele morava, uma casa muito antiga de pau a pique, que em tempos remotos fora a
sede de uma grande fazenda.</div>
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Bati a porta de sua casa, mas
quando o Zé da Onça me atendeu, parecia estar vendo uma assombração. Ele tentou
fechar a porta, mas eu segurei para não deixar.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
-O que está fazendo aqui?- disse
ele – Vá embora, não tenho nada a tratar com o senhor.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
-Há, tem sim. E você sabe muito
bem. Você arruinou minha vida quando me deu aquela droga de <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>garrafa.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
-Você não estava à procura de um
capetinha na garrafa? Não foi isso que eu te dei? Eu te disse para não abrir a
garrafa, o que posso fazer se o senhor não me escutou?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
-Você tem de me ajudar, ou eu dou
um jeito de colocá-lo contra você, custe o que custar.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
-Olha, eu vou tentar te ajudar a
capturar o bichinho. Mas é preciso que seja em sua casa. E eu vou precisar da
ajuda de mais uma pessoa. Me passa seu telefone que eu te ligo combinando o quê
a gente vai fazer.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Assim eu fiz. Passei o telefone
para o Zé e voltei pra BH. Impaciente para capturar o demônio. Passado mais um
dia de tormento, recebo a ligação do Zé, me pedindo para comprar os materiais para
o ritual, o que incluía velas negras, uma corda de sisal virgem, um aguilhão,
uma garrafa de vidro artesanal e rolha entre outras coisas estranhas. Ele
também pediu meu endereço e disse para que o esperasse em casa à uma hora da
manha.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
No horário combinado ele chegou a
minha casa trazendo consigo um homem com aparência bizarra. Um sujeito idoso,
que parecia ter saído de um filme de terror, com sua barba e cabelo grandes e
grisalhos, unhas grandes e sujas e roupas escuras de couro. Ele andava descalço
e olhava desconfiado para tudo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
-Este é o Pai Curuso. Ele vai nos
guiar no ritual – Disse Zé da Onça, me apresentando o homem.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
O homem me olhou nos olhos com um
olhar amedrontador. – Então é você o homem que vai capturar o diabinho?!Espero
que esteja preparado.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
-Mas eu pensei que você iria capturá-lo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
-Não. - disse o Pai Curuso. – Eu
só vou abrir seus olhos para que você possa vê-lo. A obrigação de prendê-lo é
sua, pois foi você que o soltou.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Então me explicou que o ritual
deveria acabar às três horas da manha, que é quando as barreiras entre o
mundo físico e espiritual estão mais finas. Quando o ritual estivesse pronto eu
iria poder enxergar o demônio em sua forma verdadeira e então usar o aguilhão e
a corda para capturá-lo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Não vou descrever aqui o ritual,
pois o risco de alguma coisa errada acontecer é muito grande, mas posso dizer que
quanto mais se aproximava do fim, maior era a sensação de medo misturado com
ansiedade. O radio relógio marcou então três horas e o Pai Curuso me disse:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
-Feche os olhos e quando eu disser
para abrir, você poderá ver o mundo dos espíritos. Você verá o que quer e o que
não quer. Apenas ignore as coisas que você vai ver e elas não o perturbarão.
Quando você vir o diabinho, você deve usar o aguilhão para se defender e a corda
de sisal para prendê-lo, ai nós vamos te acordar e você vai fechar a garrafa.
Pronto, abra os olhos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Quando eu abri os olhos eu vi o
mundo de uma forma assustadora, como nunca tinha visto antes e como nunca mais
quero voltar a ver. Eu estava no mesmo lugar, mas havia ali em minha sala
coisas andando de um lado a outro que habitam meus pesadelos até hoje. Coisas que
estão aqui o tempo todo e não conseguimos ver.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Eu via pequenas criaturas
parecidas com gnomos andando e se escondendo por debaixo do sofá, fantasmas de pessoas
circulando pela casa, e pela janela via criaturas gigantescas andando lá fora,
na cidade. Eu tentei ignorar aquelas coisas e parecia que elas não estavam
cientes que eu às podia ver, mas de vez em quando, alguma me olhava nos olhos e
me provocava arrepios. Mas o diabo não estava ali. Então eu andei pela casa a
sua procura e em cada quanto via coisas mais assustadoras. Meu Deus, se apenas
em minha casa viviam estes seres, o que mais deveria existir no mundo?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Quando entrei na cozinha eu o vi.
Não era mais uma miniatura que se podia por em uma garrafa, devia ter uns dois
metros pelo menos. A visão daquela coisa me fazia pensar em desistir e correr. Mas
essa não era uma opção. Eu já tinha chegado até ali e não iria desistir.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
- Como ousa tentar me capturar?- A
voz da coisa era um som terrível, algo que parecia vir de um abismo fundo e
escuro. – Eu lhe trouxe ouro e lhe traria mais. Mesmo assim você quer <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>me por de volta em uma garrafa? Eu vou te
destruir humano desprezível.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
A criatura começou então a me
atacar. Ela usava sua língua, que açoitava minha pele e queimava como brasa. A
dor era terrível e deixaria cicatrizes que nunca mais desapareceram. Eu usei
então o aguilhão para espetá-lo e isso o fez recuar. Foi ai que eu usei a corda e
o amarrei.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
- Eu vou me libertar humano. -Urrava
a besta. - E quando me libertar, levarei você ao inferno.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
- Tampe a garrafa. – Alguém dizia
em meu ouvido. – Tampe a garrafa. Tampe...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Como que acordando de um pesadelo,
eu estava de volta a sala junto ao Pai Curuso e o Zé da Onça. Então eu vi a
garrafa em minha mão e o diabo estava em tamanho miniatura, dentro dela. Mas ele
mexia e tentava escalar o vidro. Eu peguei a rolha e tampei a boca da garrafa. O
Pai Curuso tomou a garrafa de minha mão e selou a rolha e fez a marca do
tridente e a criatura parou de se mover. Foi quando ele me entregou a garrafa e
disse:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
- Pronto. Ele está preso de novo
na garrafa. Nunca tente destruir o diabinho. Nós humanos apenas conseguimos capturá-lo nesta frágil prisão de vidro. Qualquer tentativa de destruí-lo irá
apenas o libertar, e aposto que ele está muito furioso com você.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Pai Curuso e Zé da Onça se
recusaram de todas as formas dormirem em minha casa e foram embora quando o
ritual terminou, não sem antes eu desembolsar uma pequena fortuna para pagar
pelos honorários do velho.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Eu não queria mais ver aquele<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>demônio em minha frente, mas não poderia
correr o risco de o vidro se quebrar acidentalmente. Então eu o coloquei em um
cofre. Escrevi todo o procedimento do ritual de captura, coloquei junto a
garrafa e tranquei o cofre. Depois fui até um cemitério abandonado e cavei o
mais fundo que pude uma cova vazia e enterrei lá este cofre. No caminho de
casa, joguei<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>as chaves no rio.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
Você pode duvidar do que eu contei. Pode me chamar de maluco. Mas se algum dia tiver a oportunidade de possuir
um objeto destes, lembre-se de minha historia.</div>
Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-68613705348432533412013-01-19T19:40:00.000-02:002013-01-22T16:01:41.335-02:00Quadrinhos AssustadoresOlá pessoal.Me desculpem pela demora em postar os contos.Enquanto isso vou deixar o <a href="http://comic.naver.com/webtoon/detail.nhn?titleId=350217&seq=31" target="_blank">link</a> para essa historia em quadrinhos de um site coreano que é de arrepiar.Desçam a pagina apertando page down.<br />
<br />
<br />
Update<br />
<br />
<a href="http://comic.naver.com/webtoon/detail.nhn?titleId=350217&seq=30" target="_blank">Aqui</a> você pode conferir outro quadrinho do mesmo autor. Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-1730918917852880002013-01-15T20:14:00.000-02:002013-02-24T13:36:12.657-03:00Curta de terrorOlá pessoal.Estou preparando ótimos contos para a semana que vem e a continuação de O Diabo na Garrafa e O Necromante.Por enquanto deixo aqui este ótimo curta de terror espanhol dirigido por Andy Muschietti<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/UPmycZaJYNw" width="560"></iframe><br />
<a name='more'></a><br />
<br />
<br />
<br />
Este curta, que já ganhou vários prêmios internacionais, foi transformado recentemente em um filme com Diretor Guilherme Del Toro.Segue o trailer.<br />
<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/7Am7i7uM9r0" width="560"></iframe><br />Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1017747851970741673.post-78731923355105768812013-01-12T15:18:00.000-02:002013-02-16T17:16:42.351-02:00O Diabo na Garrafa - 1º Parte<div dir="ltr" id="internal-sourceu-marker_0.9638477334394774" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Existem
verdades que é melhor não conhecermos.A historia que vou lhes contar
fala de uma realidade que veio até mim sem eu desejar.Se você tiver
coração fraco, pare de ler aqui.Seja um ignorante nesses assuntos que
irei relatar e continue feliz.Se você continuar a ler, não me culpe por
nada.</span></span></span></div>
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=1017747851970741673" name="more"></a><br />
<a name='more'></a><br />
<br />
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Antes
de começar contar os sinistros que aconteceram comigo, vou me
apresentar e também apresentar os motivos que me levaram a ter contato
com “ a coisa”. Me chamo Claudio P. Santana,tenho 38 anos, moro sozinho e
sou professor na UFMMG.Tenho mestrado em historia e formação em
arqueologia.Nasci em Sete Lagoas mas hoje moro em Belo Horizonte.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">A
algum tempo, meus colegas e eu estamos tentando criar um pequeno museu
do folclore brasileiro aqui no campus da universidade e por isso estamos
a procura de objetos que de certa formar contam parte da cultura da
região.Eu tive então a ideia de conseguir pro museu um capetinha na
garrafa.Ao contrario do que muitas pessoas pensam, isto existe
realmente.Antigamente alguns fazendeiros os usavam como uma espécie de
patuá macabro,eram feitos de barro,resina ou mesmo madeira.Este costume
foi retratado nas novelas Renascer e Paraíso.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Como
eu queria exibir em um museu, estava determinado a conseguir um exemplar
bem antigo, se possível do Brasil colônia.Busquei em toda região
central de Minas por um exemplar antigo, mais depois de meses procurando
havia encontrado apenas oito exemplares autênticos e o mais antigo
datava da década de cinquenta.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Em
uma tarde, quando voltava da região de Pindaibas, um povoado da cidade
de Jequitiba, eu parei no Bar 1º de Maio para lanchar.Entrou um senhor
carregando algo embrulhado em jornal.Foi até o balcão e conversou com o
balconista e depois veio até mim.Ele aparentava uns quarenta anos e
vestia camisa de botão, calça caqui, botinas e um chapéu de couro gasto.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">- Boa tarde. - disse ele - O senhor que é o professor?</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Boa tarde.sim sou Claudio, professor.Prazer.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Ouvi dizer que o sinhor está procurando um capetinha na garrafa, é verdade?</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-É verdade.Busco um para um museu de folclore.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">O sujeito então tirou os papeis do embrulho e me mostrou a garrafa que trazia.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Este aqui é pro senhor.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Desculpe, mas este não me serve.-Disse eu.-Procuro um que seja antigo e este não é.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">A
figura que o homem me mostrou não me despertou interesse pois parecia
ser muito moderna, feita de resina plástica ou chumbo.Decerto ele devia
ter comprado uma miniatura da china e colocado naquela garrafa
recentemente.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Mas este é muito velho.Foi meu bisavô que adquiriu.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Como eu não queria prolongar aquela discussão, tirei uma nota de cinquenta reais do bolso e estendi para o homem.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Tome,é tudo que posso oferecer por ele.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-De maneira nenhuma!Estas coisas não se podem vender.É um presente meu pro sinhor.Aceite.Mas tome cuidado, nunca abra a garrafa.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Ele
me entregou então o embrulho e se recusou de todas as maneiras a
receber algo em troca.Depois que eu pequei a garrafa ele se apressou em
sair do bar.Ainda tive tempo de gritar para ele:</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-Ei, qual é o seu nome?</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">-É Zé da Onça.Passar bem. - E se foi caminhando apressado do bar.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Eu
enfiei a garrafa na minha mochila determinado a descartá-la assim que
possível, pois de nada me interessava aquele falsificação barata.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">O
tempo passou e eu voltei pra BH.Coloquei em exposição o exemplar da década de cinquenta e me esqueci completamente do que estava em minha
mochila.Um dia, quando estava assistindo tv em minha casa a noite,
começando a cochilar, tenho a impressão que vi minha mochila se
mexer.Após despertar, me convenci que aquilo tinha sido apenas um
sonho.Mas o fato me lembrou da garrafa ali dentro.Então eu a tirei da
mochila para joga-la no lixo.Foi quando eu me dei conta de um detalhe
intrigante, que havia deixado passar no dia do bar, pois estava
concentrado apenas na miniatura: a garrafa era uma garrafa artesanal,
provavelmente muito antiga.Não havia inscrições de nenhuma fabrica ou
coisa assim e o vidro era de excelente qualidade.A garrafa também era
fechada com uma rolha de cortiça com uma marca que parecia ser um
tridente estilizado.Parecia ser bem velha, lacrada com algo que parecia
ser cera de abelha misturada com alguma outra coisa.Também havia mofo
se formando por dentro da garrafa, próximo a rolha.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Tudo
isso não combinava em nada com a miniatura, que parecia ser muito
moderna em comparação com a garrafa.Eu tenho o costume de colecionar
miniaturas de RPG e aquela parecia muito com uma destas miniaturas.A
tinta usada e a tecnologia a tornava muito real.Claro que eu já tinha
encontrado falsificações que simulavam antiguidades, muitas delas
difíceis de distinguir de um objeto realmente antigo mas, por quê o
sujeito iria ter o trabalho de falsificar uma garrafa antiga e me dar o
objeto de graça e ainda por cima colocar dentro uma miniatura moderna?</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Levei
a garrafa até meu escritório e a coloquei sob a luz de uma luminária.Pequei uma lupa e comecei a examinar o objeto com
curiosidade.Examinei o fundo buscando o local onde o vidro da garrafa
deveria estar emendado, mas não achei nenhuma marca e então fiquei
imaginando se o artesão havia feito realmente a miniatura dentro da
garrafa.Se este fosse o caso, esta peça se tornaria ainda mais cara e
valiosa.Depois comecei a examinar a figura dentro da garrafa e me
surpreendi com a qualidade do trabalho.Havia detalhes demais naquela
miniatura, e a tinta usada era de excelente qualidade.Muito melhor do
que qualquer miniatura de minha coleção.Era possível ver cada dedo e
unha e até as escamas uma por uma.Foi usada até texturas para parecer
pele de verdade.Se eu não fosse um homem cético, diria até que se tratava
de uma criatura de verdade.Deixei a garrafa ali e fui dormir.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Naquela
noite começaram os pesadelos.Sonhos perturbadores com fazendas antigas e
casas em chamas.Rituais sob árvores gigantes e criaturas das
sombras.Acordei suado diversas vezes na noite.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">No
dia seguinte estava decidido a analisar melhor aquela miniatura.Ver do
que era feita.Decidi então abrir a garrafa serrando o fundo, assim
poderia emenda-lo depois e não destruiria o selo antigo que fechava a
rolha.Usando uma serra especial, abri o fundo e tirei o diabinho.Naquele
momento senti um cheiro forte de enxofre e pela primeira vez comecei a
ficar com medo daquela peça.Mas meu lado racional falou mais alto.A
miniatura tinha mais ou menos uns dez centímetros de altura e não
possuía base.Decidi fazer uma pequena raspagem em uma lamina para
analisar o material no laboratório da universidade.Antes de sair,
guardei o diabinho na gaveta de minha escrivaninha.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Quando
analisei as amostras no laboratório tive outro susto.Aquilo não era
tinta.Não sabia dizer o que era mais, se assemelhava a queratina, segundo
um amigo meu, professor de biologia.O dia demorou a passar, eu fiquei
tão nervoso que tive alucinações durante as aulas.Eu via sombras se
movendo no fundo da sala e coisas negras voando no céu pela janela.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Ao
chegar em minha casa, fui direto abrir a gaveta e o diabinho não estava
lá mais.Procurei por todos os lados mais não o encontrei.Como me
arrependi de não ter seguido o conselho de não abrir a garrafa.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Naquela
noite começou meu sofrimento.Ouvia coisas mexendo na cozinha e andando
pela sala.Mesmo um homem adulto como sou, não tive coragem de apagar a
luz e dormi com o o quarto trancado.Os poucos minutos que consegui
fechar os olhos, sonhei com criaturas medonhas e morte.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 27pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">De
manha tomei um café reforçado e decidi procurar de novo na
gaveta.Talvez tudo aquilo tivesse sido um delírio e a miniatura ainda
estivesse lá.Não encontrei o diabinho mas encontrei algo pior.Um par de
brincos de ouro, sujos de sangue.Como estudioso de folclore, me lembrei
da lenda de que o diabinho na garrafa roubava ouro e trazia para o seu
dono.Peguei aqueles brincos usando uma luva e os coloquei em uma
sacola.No caminho para a universidade, joguei-os em uma lixeira.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 34.5pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">
Os dias que se seguiram foram uma tortura sem fim.Não conseguia dormir
direito com os barulhos em minha casa e quando dormia tinha pesadelos
horríveis e paralisia do sono.Em sala de aula, via sombras malignas se
mexerem entre os alunos.E no final da semana encontrei um dente de ouro
ensanguentado na gaveta onde havia deixado o diabinho.</span></span></span></div>
<div dir="ltr" style="margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-indent: 34.5pt;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Cheguei
pedir um padre para benzer minha casa e por uns dias parecia ter
melhorado, mas com o tempo tudo voltou.Foi ai que decidi voltar a
procurar o Zé da Onça em Jequitibá para me ajudar.Hoje retornei até o
bar onde ele me encontrou e perguntei por ele ao balconista e ele me
orientou a procurar na localidade de Onça, distrito de Jequitibá.</span></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span><br /><span style="background-color: transparent; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"></span></span></span>Narradorhttp://www.blogger.com/profile/12459681872222421309noreply@blogger.com3